O governo boliviano renunciou nesta sesta-feira (01/07) à Convenção Única das Nações Unidas sobre Entorpecentes. O acordo, de 1961, considera a folha da coca ilegal e condena a sua mastigação – uma tradição indígena, respeitada tanto na Bolívia quanto no Peru. Os dois países permitem a produção limitada do arbusto da coca, cuja folha - além de ser mastigada e usada com chá – serve para a fabricação da cocaína.
A decisão do governo boliviano foi tomada depois que uma proposta do presidente Evo Morales para modificar o texto da convenção foi recusada. Eleito presidente da Bolívia em 2005 e reeleito em 2009, Evo ainda lidera o movimento sindical boliviano de plantadores de coca.
Evo argumenta que as folhas da coca, mastigadas ou usadas como chá, não são um narcótico. São um estimulante natural, usado há séculos pelos povos dos Andes, para reduzir a fome e combater o mal-estar, provocado pela altitude.
Representantes do governo boliviano asseguraram que a renúncia à convenção não representa uma mudança de política: a Bolívia continuará combatendo o plantio ilegal de coca e o narcotráfico.
O país pretende pedir nova adesão ao acordo. A retirada deve vigorar a partir de janeiro de 2012. O governo boliviano terá que esperar um ano para poder aderir novamente à convenção.
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