quarta-feira, 13 de julho de 2011

Ivete Sangalo virou vidraça


Por Altamiro Borges

Em julho de 2007, a cantora Ivete Sangalo virou uma das estrelas do “movimento cívico pelo direito dos brasileiros”, mais conhecido pelo slogan Cansei. Aproveitando-se oportunisticamente da tragédia da TAM, direitistas convictos e ricaços famosos, tendo à frente João Dória Jr., tomaram a iniciativa para “condenar a desordem do governo federal”.

Os golpistas do Cansei

No ato de lançamento em São Paulo, a principal palavra de ordem foi o “Fora Lula”. O presidente foi apontado como culpado pelo acidente e por todos os males do país – em especial, pela corrupção. Líderes da oposição demotucana, mais sujos do que pau de galinheiro, apoiaram o movimento. Ivete Sangalo, Hebe Camargo, Regina Duarte e Ana Maria Braga tiveram as suas imagens estampadas em cartazes e folhetos para atrair populares ao protesto.

Os “cansados” não agüentaram o tranco por muito tempo. O movimento, logo identificado como uma iniciativa da direita hidrófoba e golpista, sucumbiu em pouco tempo. Segundo documentos vazados pelo Wikileaks, ele foi motivo de gozação até nas reuniões conspiratórias da embaixada dos EUA no Brasil. Algumas de suas estrelas, inclusive Ivete Sangalo, teriam se arrependido de participar daquela maquinação.

Investigação na Receita Federal

Mas o mundo é cruel. Agora é própria mídia demotucana, que alavancou o movimento, que levanta suspeita sobre os milionários negócios da famosa cantora. Reportagem da Folha da semana passada informa que o cunhado de Ivete Sangalo, que também é seu sócio, está sendo investigado pela Receita Federal. Luis Paulo de Souza Nunes controla as empresas Caco de Telha, que negocia os shows, e a Banda do Bem - Produções Artísticas Ltda.

Segundo o repórter Graciliano Rocha, o negócio é “suspeito de sonegação fiscal e de não pagar tributos trabalhistas aos músicos que se apresentam com a artista baiana. Alvo de investigação da Receita Federal desde fevereiro deste ano, a Banda do Bem apresenta em seu registro de sócios apenas um grupo de 13 músicos – todos tocam ou tocavam com Ivete. No registro da empresa, Nunes, que também é sócio da família Sangalo em três outras empresas, aparece como seu administrador”.

Processo fiscal e trabalhista

As investigações tiveram início a partir de um processo fiscal e trabalhista movido pelo músico Antônio da Silva, o Toinho Batera. “Ele cobra indenização de R$ 5 milhões e acusa Ivete de usar a Banda do Bem como ‘fachada’ para não pagar encargos trabalhistas dos músicos, que aparecem como sócios da organização”. Nunes, que é casado com Mônica, irmã da cantora, tem vários negócios com família Sangalo. Em setembro de 2006, ele passou a integrar o quadro societário da empresa Mago Comunicação, agência de publicidade que integra a holding de Ivete.

Um dos chefões desta empresa é o empresário Jesus Sangalo, um dos principais organizadores do movimento Cansei, que teria sido responsável por envolver a irmã naquela furada. De pedra, Ivete Sangalo agora virou vidraça. A sorte dela é que a TV Globo não dará qualquer destaque para o tema.

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