quinta-feira, 7 de julho de 2011

Magnata das comunicações em maus lençóis

Rupert Murdoch no olho do furacão

Ki Price/30.06.2011/AFP
Manifestantes usam boneco de magnata das comunicações Robert Murdoch em protesto em frente ao Departamento de Cultura, Mídia e Esporte britânico [Fonte da imagem: http://www.r7.com/]

A situação é tão constrangedora que remete a filmes de enredos envoltos em intrigas e conspirações midiáticas. Entre os protagonistas da trama estão um dos principais jornais tablóides britânicos, celebridades, vítimas de crimes e o maior magnata da comunicação do planeta.

O tablóide News of the World, jornal mais vendido no Reino Unido aos domingos, é pivô de um dos maiores escândalos da história da imprensa britânica após acusações de grampos telefônicos ilegais para conseguir furos de reportagem. O caso, criticado até pelo primeiro-ministro David Cameron, expõe o conglomerado de mídia News Corp, do magnata australiano Rupert Murdoch, da qual a publicação faz parte.

Em 2005, veio à tona na Inglaterra uma série de denúncias que acusavam o News of the World de grampear celebridades e membros da realeza do país em busca de furos. A família real pediu um inquérito, acatado pela polícia, de que os telefones reais possivelmente estavam sendo interceptados após o tablóide publicar matéria sobre um ferimento no joelho do príncipe William, mantido em segredo.

O inquérito culminou na admissão da interceptação de telefones por um editor do jornal, Clive Goodman, com o auxílio do detetive particular Glenn Mulcaire. Ambos foram presos. Posteriormente, em 2009, o jornal The Guardian denunciou que os atores Jude Law e Gwyneth Paltrow, entre outros, também foram grampeados pelo tablóide em busca de informações quentes. Policiais recebiam dinheiro para ajudar o News of the World a conseguir hackear os contatos.

O caso abalou o prestígio do magnata australiano Rupert Murdoch, principal empresário do ramo da comunicação do planeta, que é dono do News of the World e de muitas outras empresas do ramo, entre as quais, a conservadoríssima tevê americana Fox News, os estúdios de cinema Twentienth Century Fox e a SKY.

Mas o pior ainda estava por vir. Após várias investigações e demissões no News of the World, na última terça-feira 5, a familia de Milly Dowler, menina de 13 anos sequestrada e morta há nove anos, divulgou que a polícia confirmou que ligações do celular da menina foram interceptadas durante a busca por ela. Por trás das interceptações estava o tablóide.

Na sequência, parentes das vítimas do atendo ao metrô de Londres em 2005 também confirmaram mensagens de seus próprios telefones que foram interceptadas a mando do News of the World. O crime, portanto, saiu da esfera das celebridades para a das tragédias – incluindo-se aí um tema sensível aos ingleses como o atentado ao metrô londrino.

O caso é o assunto do momento no Reino Unido. Na quarta-feira 6, o primeiro-ministro britânico definiu como “repugnante” e declarou estar chocado com as acusações contra o jornal. Após o pronunciamento de Cameron, feito na Câmara dos Lordes (parlamento do Rei Unido), Rupert Murdoch deu uma entrevista à emissora CNN na qual qualificou de “deplorável” os episódios, mas suas declarações não devem evitar mudanças no comando da News Corp.

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