PRESIDENTE RELEVA DISCURSO EM QUE MINISTRO CHAMOU EX-ADVERSÁRIOS, ATUAIS COLEGAS DE GRUPO DE PODER, DE “IDIOTAS”; AGORA, PT TERÁ DE FAZER O MESMO; BRASÍLIA INTEIRA CHEGOU A ACREDITAR EM EXONERAÇÃO OU PEDIDO DE DEMISSÃO DE JOBIM
Rodolfo Borges_247, de Brasília - Em audiência com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, na manhã desta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff minimizou a repercussão das declarações do ministro durante as homenagens ao ex-presidente presidente Fernando Henrique Cardoso. Na quinta-feira, Jobim citou Nelson Rodrigues para dizer que "os idiotas perderam a modéstia". "E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento", disse o ministro, causando constrangimento a partidários do PT.
A declaração soou para alguns como um recado sobre seu descontentamento no Ministério, que estaria recebendo pouco espaço no governo, mas o assunto acabou sendo tratado de forma amena entre a presidente e o ministro. Os dois concordaram que o assunto recebeu mais atenção do que merecia e interpretaram a repercussão como uma tentativa de fazer intriga. Por meio da assessoria de imprensa, Jobim negou que esteja insatisfeito com o governo e disse que sua intenção ao elogiar FHC não foi fazer paralelo entre os dois governos.
A reunião entre Jobim e Dilma, realizada na manhã desta sexta-feira, já estava agendada há dias e foi marcada para tratar sobre a lei de acesso aos documentos do governo e sobre a Comissão da Verdade. A presidente estava interessada em atualizar as informações sobre a forma como Jobim vem conduzindo as discussões sobre os assuntos com parlamentares. Se está tudo bem entre os dois, não se pode dizer o mesmo em relação aos partidários do governo Dilma. Desde o comentário rodrigueano, multiplicam-se mensagens na internet exigindo a saída de Jobim do Ministério.
Leia abaixo noticiário de 247 publicado hoje:
Rodolfo Borges_247, de Brasília - O destino de Nelson Jobim pode ter sido traçado na manhã desta sexta-feira, em audiência com a presidente Dilma Rousseff. A assessoria de imprensa do Ministério da Defesa espera novidades para às 14h30, a partir de quando deve divulgar informações sobre a reunião do ministro com a presidente. Por enquanto, o Ministério não confirma nenhuma mudança em seu comando.
A audiência entre Dilma e Jobim estava marcada para as 11h. Logo em seguida, às 12h, de acordo com a agenda publicada no início do dia, a presidente partiria para Francisco Beltrão (PR), onde lançaria o Plano Safra Agricultura Familiar 2011/2012, mas a viagem foi cancelada. Segundo o Planalto, a mudança na agenda ocorreu em decorrência das chuvas na região de Francisco Beltrão, que adiaram o lançamento do Plano.
Depois de deixar o Palácio do Planalto, após reunião iniciada às 11h00 com a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi diretamente para o seu gabinete, onde, até esse momento (12h15) estava reunido, a portas fechadas, com assessores. Ainda não há versões sobre o resultado da reunião com a presidente, mas a hipótese da saída do ministro é real.
Só pode ter sido um discurso de despedida do cargo. Na noite desta quinta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez um discurso em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que mais parecia um libelo contra o governo Dilma Rousseff, ao qual ele atualmente serve, como chefe de todos os ministros militares.
Jobim elogiou o estilo conciliador do ex-presidente. “Nunca o presidente levantou a voz para ninguém. Nunca criou tensionamento entre aqueles que te assessoravam”, disse. A referência foi interpretada como uma alusão ao estilo duro de Dilma com seus auxiliares. “Se estou aqui, foi por tua causa”, afirmou, sem mencionar Lula nem Dilma, dois presidentes a quem também serviu.
“E nós precisamos ter presente, Fernando, que os tempos mudaram.” Jobim citou Nelson Rodrigues: “Ele dizia que, no seu tempo, os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos. O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento”.
Aliados do ministro dizem que ele está, de fato, insatisfeito com Dilma. Recentemente se queixou a correligionários de que não é convocado para opinar política e direito, como Lula fazia.
Compra dos caças
Tanto no governo Lula como no governo Dilma, Nelson Jobim tem sido o principal defensor da compra da caças francesas Rafale pela Aeronáutica. É uma decisão polêmica e ainda mais questionável diante do fato de que Jobim já se hospedou no castelo de Serge Dassault, dono da empresa que produz os aviões, na França.
Espera-se para esta sexta-feira um encontro decisivo entre Jobim e Dilma que pode selar sua saída do governo.
No Ponto & Contraponto, via Brasil 247.
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