Barack Hussein Obama II, advogado de 49 anos (completa 50 anos em agosto), ex-senador da República, eleito, em 2008, o 44º presidente dos Estados Unidos da América — a Nação mais rica do mundo e a maior potência militar da história da humanidade. Esta apresentação poderia ser para qualquer homem eleito presidente nos Estados Unidos, se não fosse uma realidade, que até pouco tempo jamais pensaríamos que fosse acontecer: Barack Obama é um homem negro, em um país que há cerca de 40, 50 anos era, irremediavelmente, dividido entre raças, de forma institucional e rotineira, o que fazia da nação mais poderosa do mundo um lugar de desassossego, violência e vergonha moral e espiritual.
Lembro-me quando pequeno, na década de 1960, e adolescente e jovem, na década de 1970, que os Estados Unidos, extra-oficial e oficialmente, experimentavam uma grande convulsão social, no que concerne à conquista dos direitos civis da população negra daquela terra. Descendentes de escravos, os negros não tinham acesso, de forma plena, aos serviços públicos e ao direito de, por exemplo, estudar, como ocorria em vários municípios de estados sulistas. Concomitantemente, seus empregos eram os piores, os mais perigosos e mal pagos. Além disso, o direito de ir e vir dos negros em certos bairros das elites brancas de diversas cidades não era pleno, a não ser para trabalhar e servir a Casa Grande.
O absurdo era tanto que há pouco tempo, na década de 1970, os estados sulistas e outros, não tanto ao sul daquele país, não permitiam que os negros entrassem em certos restaurantes, não usassem o elevador social e eram ainda proibidos de sentar em bancos dianteiros dos veículos coletivos ou simplesmente não tinham autorização, ou melhor, liberdade para usar o mesmo banheiro, destinado aos brancos, por exemplo, nas rodoviárias. Era concretamente um país dividido, que, por razões econômicas, políticas e raciais foi testemunha do assassinato de duas das maiores lideranças negras até hoje existentes nos Estados Unidos, personificadas no líder dos direitos civis, Martin Luther King, e do revolucionário Malcolm X, que, radical, pregava a luta armada e, com o tempo, passou a propor o diálogo e a negociação para resolver os problemas e as condições de vida que a comunidade negra norte-americana queria discutir e modificar.
A vitória de Barack Obama é emblemática, por ele ser multirracial. Seu pai, negro, do Quênia, sua mãe, branca, do estado do Kansas, deram-lhe a possibilidade de o presidente eleito conhecer as contradições, os conflitos e os diferentes pensamentos no que é relativo à realidade estadunidense e às diferentes etnias que compõem o tecido social dos Estados Unidos. Obama, além de ser fruto de uma relação interracial, é filho de pais de forte formação universitária. Sua mãe, An Dunham, antropóloga, seu pai, Barak Obama Senior, economista, fez com que ele, desde cedo, convivesse com o mundo acadêmico. Seus pais se separaram após dois anos de convivência e sua mãe, posteriormente, casou-se com Lolo Soetoro, indonésio que ajudou a criar o 44º presidente dos Estados Unidos.
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