sábado, 2 de julho de 2011

Saúde estadual tem rombo milionário

Apenas em 2010, hospitais Mário Covas, em Santo André, e Estadual de Diadema tiveram rombo de R$ 5 milhões

Hospital Serraria, de Diadema: déficit. Foto: Arquivo/ABCD MAIOR

Geridos por OSSs (Organizações Sociais de Saúde), os dois hospitais estaduais do ABCD, Mário Covas, em Santo André, e Hospital Estadual de Diadema (Serraria), estão com um rombo acumulado de R$ 5 milhões só em 2010 como apontam balanços das próprias instituições publicados pelo Diário Oficial do Estado. A terceirização dos serviços de saúde para as OSSs é defendida com entusiasmo pelas seguidas gestões do PSDB no Estado, como exemplo de economia e eficiência no atendimento à população.

Se a economia pregada pelos respectivos governos tucanos não se expressa em números, a eficiência também deixa a desejar. A “Pesquisa de Satisfação dos Usuários do SUS-SP (Sistema Único de Saúde de São Paulo)”, publicada em 2010, demonstra situação caótica nos hospitais.

Realizada pela própria Secretaria estadual de Saúde, a pesquisa aponta, por exemplo, que cerca de 30% dos pacientes afirmaram demorar até seis meses para fazer um procedimento de alta complexidade, como cateterismo ou quimioterapia. O levantamento apresenta dados mais alarmantes: apenas 24% das grávidas que passaram por trabalho de parto pelo SUS receberam anestesia; 14% tiveram seus filhos tomando “banho morno” para aliviar a dor e 32% dos pais apontaram falta constante de vacinas nos postos de saúde.

Especialistas e médicos ouvidos pelo ABCD MAIOR condenaram a terceirização dos hospitais estaduais. “A melhor alternativa ainda é a administração pública dos hospitais, já que a saúde tem como fim apenas prestar os serviços. Tanto se falou que a gestão pública era deficitária e agora o que vemos é que as OSSs são piores”, afirmou o gerente de auditoria da Secretaria da Saúde de São Bernardo, Nelson Nisenbaum.

Arthur Chioro, secretário de Saúde de São Bernardo, acredita que o prejuízo possa implicar em precarização do atendimento. “Os números apresentados demonstram a farsa de que todos os problemas estão resolvidos com as OSSs. As entidades assumem o déficit com redução da oferta de serviços. Sem uma co-gestão em âmbito municipal e transparência dos recursos aplicados pelas OSSs, nunca teremos uma solução.”

As duas organizações sociais que gerenciam os hospitais, a Fundação ABC (Mário Covas) e a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (Serraria), afirmaram à reportagem que apenas a Secretaria estadual de Saúde se pronunciaria sobre o déficit.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde garantiu que os repasses efetuados às OSSs são condizentes com as metas estabelecidas pelos contratos. “A Secretaria orienta as entidades no sentido de promoverem ajustes internos para que os custos operacionais de cada entidade sejam proporcionalmente equivalentes aos observados nas demais.” A nota encaminhada ao ABCD MAIOR ainda completa: “O modelo de Organizações Sociais de Saúde para gestão de hospitais estaduais de São Paulo continua sendo sucesso”.
MP investiga fraude em plantões
Além dos déficits, investigação do MP (Ministério Público) apura envolvimento de médicos e dentistas em suposto esquema que fraudava plantões e licitações em hospitais estaduais de São Paulo. Após as denúncias, o secretário de Esportes, Lazer e Juventude de São Paulo, Jorge Pagura, e o coordenador de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo, Ricardo Tardelli, pediram demissão.

Pagura é professor titular de neurologia e neurocirurgia da Faculdade de Medicina do ABC, OSS (Organização Social de Saúde) que gerencia o Hospital Mário Covas, em Santo André. Em nota, a Fundação ABC afirma que Pagura não tem vínculo empregatício com o hospital, mas realiza neurocirurgias no local, que é hospital-escola da Faculdade de Medicina do ABC.  Há suspeitas de que pelo menos oito hospitais públicos, incluindo o de Sorocaba, tenham irregularidades semelhantes.

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