A fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour foi emblemática; mostrou como a mobilização social é capaz de impedir o governo de rasgar dinheiro; nesta noite, Luciano Coutinho (dir.), do BNDES, e André Esteves (esq.), do BTG, anunciaram o fim da operação
247 – Um ataque aos cofres públicos, disfarçado de operação nacionalista, estava montado. O BNDES pretendia emprestar R$ 4 bilhões ao empresário Abilio Diniz para que ele, dono do Pão de Açúcar, encontrasse uma saída para um problema que era só dele e de mais ninguém: a venda do controle acionário da rede de supermercados ao grupo francês Casino. O governo estava no pacote – diversos ministros, como Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, defenderam a operação. Afinal, estaria nascendo mais um “campeão nacional”, turbinado com recursos públicos.
247 – Um ataque aos cofres públicos, disfarçado de operação nacionalista, estava montado. O BNDES pretendia emprestar R$ 4 bilhões ao empresário Abilio Diniz para que ele, dono do Pão de Açúcar, encontrasse uma saída para um problema que era só dele e de mais ninguém: a venda do controle acionário da rede de supermercados ao grupo francês Casino. O governo estava no pacote – diversos ministros, como Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, defenderam a operação. Afinal, estaria nascendo mais um “campeão nacional”, turbinado com recursos públicos.
Mas o que estava fora do script era a impressionante rejeição da sociedade brasileira à operação. O mais tucano dos ex-presidentes do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, se disse indignado e afirmou que não conseguia “engolir” a operação. O mais nacionalista dos ex-presidentes do banco, Carlos Lessa, publicou um artigo devastador apontando que, na fusão, os consumidores perdiam, os industriais perdiam, os trabalhadores perdiam e uma única pessoa vencia: Abilio Diniz. E milhares de internautas conseguiram emplacar uma hashtag com a palavra BNDES entre os tópicos mais comentados do Twitter. Era #maracutaiabndes – algo que irá para o currículo de Luciano Coutinho.
Pois bem. No fim da tarde desta terça-feira, a operação morreu. O BNDES informou que desistiu de participar da proposta de fusão entre o grupo Pão de Açúcar e o Carrefour.
"Como reiterado em diversas oportunidades, o pressuposto da eventual participação da BNDESPar nesta operação era o entendimento entre todas as partes envolvidas", diz a nota oficial do banco, comandado por Luciano Coutinho.
Por outro lado, a Gama/BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, informou no início da noite que decidiu suspender temporariamente a proposta de fusão do Pão de Açúcar com as operações brasileiras do Carrefour, após a reunião do conselho de administração do sócio francês Casino realizada hoje que rejeitou os termos da operação. Segundo o comunicado da Gama/BTG, a suspensão temporária da proposta foi feita "com o firme propósito de manter um diálogo aberto".
No comunicado, a Gama/BTG Pactual diz que "vem a público reiterar a confiança na proposta apresentada no dia 28 de junho para associação entre as operações do Carrefour e do Pão de Açúcar". Segundo a nota, "trata-se de oportunidade excepcional para ambos os grupos, oferecendo enorme potencial de crescimento para GPA (Grupo Pão de Açúcar) e relevantes ganhos para todos os acionistas, inclusive o Grupo Casino (sócio do empresário Abilio Diniz no Pão de Açúcar").
"Reiteramos que, desde sempre, tratou-se de uma proposta amigável, sujeita à aprovação dos acionistas e em consonância com os contratos vigentes. Acreditamos que a associação entre Pão de Açúcar e Carrefour é excepcional para todos os públicos envolvidos e poderá ser reavaliada no futuro", diz a Gama/BTG.
Não adianta chorar. André Esteves, Luciano Coutinho e Abilio Diniz perderam. A sociedade brasileira venceu.
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