Quantas vezes já nos disseram que os Estados Unidos são uma sociedade "aberta" e a mídia é "livre"? Geralmente tais frases são usadas para criticar outros países que não são "abertos", principalmente quando esses países não seguem a cartilha de Washington.
Por Deirdre Griswold, no Workers World
Se você mora nos Estados Unidos e depende da mídia comercial supostamente "livre" e "aberta" para se informar, sem sombra de dúvidas você acreditará que o governo chinês massacrou "centenas, talvez milhares" de estudantes na Praça da Paz Celestial, em 4 de junho de 1989. Desde então, essa frase foi repetida milhares de vezes pela mídia dos Estados Unidos.
Mas isso é um mito. Ainda por cima, o governo dos Estados Unidos sabe que é um mito. E todas as grandes mídias também sabem disso. Mas elas se recusam a corrigir a informação, por causa da hostilidade exibida pela classe dirigente do imperialismo americano contra a China.
E baseado em que faço essa afirmação? Diversas fontes.
A mais recente é a transmissão de vários telegramas, vazada pelo site WikiLeaks, da embaixada dos Estados Unidos em Pequim para ao Departamento de Estado dos EuA em junho de 1989, poucos dias depois dos acontecimentos na China.
A segunda é uma afirmação, feita em novembro de 1989 pelo chefe da sucursal pequinesa do jornal americano The New York Times, uma afirmação que jamais foi repetida pelo jornal.
E a terceira é o relato feito pelo próprio governo chinês do que aconteceu, o que é corroborado pelas duas fontes anteriores.
Somente um grande jornal do ocidente publicou os telegramas vazados pelo WikiLeaks a respeito do assunto. Foi o britânico The Telegraph, de Londres, que publicou material sobre o assunto exatamente no dia 4 de junho, exatamente 22 anos depois que o governo chinês colocou as tropas nas ruas de Pequim.
Dois telegramas, datados de 7 de julho de 1989, mais de um mês depois dos acontecimentos, relata o seguinte:
"Um diplomata chileno foi testemunha viva dos soldados entrando na Praça da Paz Celestial. Ele viu os militares entrarem na praça e não observou nenhum disparo em massa sobre a multidão, embora tenha escutado disparos esporádicos. ele disse que a maioria das tropas que entrou na praça estava armada apenas com dispositivos anti-motim, como escudos e cassetetes; eles foram apoiados por soldados armados".
Um outro telegrama dizia o seguinte: "Um diplomata chileno testemunhou no local os soldados ocupando a Praça da Paz Celestial: embora alguns disparos pudessem ser ouvidos, ele disse que não viu nenhum fogo contra a massa de estudantes, viu apenas alguns deles apanharem".
Deve-se lembrar que o Chile ainda vivia sob a ditadura do general Augusto Pinochet, que chegou ao poder via um violento golpe de extrema-direita, anti-socialista, apoiado pela direita dos Estados Unidos, no qual milhares de esquerdistas, incluindo o presidente do país, Salvador Allende, foram mortos. O tal diplomata chileno presente nos eventos na China não poderia ser considerado, jamais, um simpatizante da China.
Nenhum jornal americano, rede de televisão aberta ou a cabo, reportou ou comentou esses telegramas revelados pelo WikiLeaks, nem sequer a matéria do Telegraph sobre eles. Como sempre agem nessas ocaisões, fizeram um silêncio profundo sobre o tema.
Será que foi porque eles não acreditaram que a matéria do Telegraph tivesse credibilidade? Dificilmente.
Eles sabiam a verdade em 1989
O The New York Times sabe que tinha credibilidade. Seu próprio chefe de sucursal em Pequim na época, Nicholas Kristof, confirmou isso em um longo artigo, intitulado "Atualização da China: Como os linha-duras venceram", publicado na edição de domingo do caderno Sunday Times, em 12 de novembro de 1989, apenas cinco meses depois do suposto massacre na praça.
Bem no fim do artigo, cujo propósito era mostrar "por dentro" o debate entre a liderança do Partido Comunista Chinês, Kristof afirma categoricamente: "Baseado em minhas observações nas ruas, nenhuma versão está certa, nem a oficial nem as feitas por estrangeiros. Não houve massacre na Praça da Paz Celestial, embora tenha havido muitas mortes em outras partes".
Mesmo considerando que o artigo de Kristof é excessivamente crítico em relação à China, sua declaração de que "não houve massacre na Praça da Paz Celestial" fez com que virasse alvo das críticas de vários detratores da China nos Estados Unidos, como se viu nos dias posteriores na coluna de cartas do jornal.
Houve conflitos em Pequim? Claro que sim. Mas não houve massacre de estudandes desarmados na praça. O que aconteceu foi uma invenção do Ocidente para demonizar o governo chinês e aumentar a simpatia pública por uma contra-revolução.
A viragem no rumo de uma economia de mercado sob o governo de Deng Xioping alienou muitos trabalhadores. Houve também um elemento contra-revolucionário, tentando obter vantagem com o descontentamento popular para restaurar completamente o capitalismo na China.
Os imperialistas torciam para que os conflitos em Pequim trouxessem a um colapso o Partido Comunista da China e destruísse a planificação da economia – semelhante ao que ocorreu dois anos depois à União Soviética. Eles queriam "abrir" a China, não de verdade, mas para permitir aos bancos e corporações imperialistas o saque dos bens públicos.
Após ter ficado de sobreaviso por algum tempo, o Exército Popular de Libertação foi chamado e a sublevação foi esmagada. A China não se extinguiu como a União Soviética. Sua economia não implodiu nem caíram os padrões de vida. Muito pelo contrário. Salários e condições sociais foram melhorados ao mesmo tempo que trabalhadores ao redor do mundo são obrigados a arcar com severas crises do capitalismo.
A despeito de profundas concessões ao capitalismo, estrangeiro e doméstico, a China continua a ter uma economia planejada, baseada em uma forte infraestrutura estatal.
Fonte: Workers Workd: E-mail: dgriswold@workers.org
Mas isso é um mito. Ainda por cima, o governo dos Estados Unidos sabe que é um mito. E todas as grandes mídias também sabem disso. Mas elas se recusam a corrigir a informação, por causa da hostilidade exibida pela classe dirigente do imperialismo americano contra a China.
E baseado em que faço essa afirmação? Diversas fontes.
A mais recente é a transmissão de vários telegramas, vazada pelo site WikiLeaks, da embaixada dos Estados Unidos em Pequim para ao Departamento de Estado dos EuA em junho de 1989, poucos dias depois dos acontecimentos na China.
A segunda é uma afirmação, feita em novembro de 1989 pelo chefe da sucursal pequinesa do jornal americano The New York Times, uma afirmação que jamais foi repetida pelo jornal.
E a terceira é o relato feito pelo próprio governo chinês do que aconteceu, o que é corroborado pelas duas fontes anteriores.
Somente um grande jornal do ocidente publicou os telegramas vazados pelo WikiLeaks a respeito do assunto. Foi o britânico The Telegraph, de Londres, que publicou material sobre o assunto exatamente no dia 4 de junho, exatamente 22 anos depois que o governo chinês colocou as tropas nas ruas de Pequim.
Dois telegramas, datados de 7 de julho de 1989, mais de um mês depois dos acontecimentos, relata o seguinte:
"Um diplomata chileno foi testemunha viva dos soldados entrando na Praça da Paz Celestial. Ele viu os militares entrarem na praça e não observou nenhum disparo em massa sobre a multidão, embora tenha escutado disparos esporádicos. ele disse que a maioria das tropas que entrou na praça estava armada apenas com dispositivos anti-motim, como escudos e cassetetes; eles foram apoiados por soldados armados".
Um outro telegrama dizia o seguinte: "Um diplomata chileno testemunhou no local os soldados ocupando a Praça da Paz Celestial: embora alguns disparos pudessem ser ouvidos, ele disse que não viu nenhum fogo contra a massa de estudantes, viu apenas alguns deles apanharem".
Deve-se lembrar que o Chile ainda vivia sob a ditadura do general Augusto Pinochet, que chegou ao poder via um violento golpe de extrema-direita, anti-socialista, apoiado pela direita dos Estados Unidos, no qual milhares de esquerdistas, incluindo o presidente do país, Salvador Allende, foram mortos. O tal diplomata chileno presente nos eventos na China não poderia ser considerado, jamais, um simpatizante da China.
Nenhum jornal americano, rede de televisão aberta ou a cabo, reportou ou comentou esses telegramas revelados pelo WikiLeaks, nem sequer a matéria do Telegraph sobre eles. Como sempre agem nessas ocaisões, fizeram um silêncio profundo sobre o tema.
Será que foi porque eles não acreditaram que a matéria do Telegraph tivesse credibilidade? Dificilmente.
Eles sabiam a verdade em 1989
O The New York Times sabe que tinha credibilidade. Seu próprio chefe de sucursal em Pequim na época, Nicholas Kristof, confirmou isso em um longo artigo, intitulado "Atualização da China: Como os linha-duras venceram", publicado na edição de domingo do caderno Sunday Times, em 12 de novembro de 1989, apenas cinco meses depois do suposto massacre na praça.
Bem no fim do artigo, cujo propósito era mostrar "por dentro" o debate entre a liderança do Partido Comunista Chinês, Kristof afirma categoricamente: "Baseado em minhas observações nas ruas, nenhuma versão está certa, nem a oficial nem as feitas por estrangeiros. Não houve massacre na Praça da Paz Celestial, embora tenha havido muitas mortes em outras partes".
Mesmo considerando que o artigo de Kristof é excessivamente crítico em relação à China, sua declaração de que "não houve massacre na Praça da Paz Celestial" fez com que virasse alvo das críticas de vários detratores da China nos Estados Unidos, como se viu nos dias posteriores na coluna de cartas do jornal.
Houve conflitos em Pequim? Claro que sim. Mas não houve massacre de estudandes desarmados na praça. O que aconteceu foi uma invenção do Ocidente para demonizar o governo chinês e aumentar a simpatia pública por uma contra-revolução.
A viragem no rumo de uma economia de mercado sob o governo de Deng Xioping alienou muitos trabalhadores. Houve também um elemento contra-revolucionário, tentando obter vantagem com o descontentamento popular para restaurar completamente o capitalismo na China.
Os imperialistas torciam para que os conflitos em Pequim trouxessem a um colapso o Partido Comunista da China e destruísse a planificação da economia – semelhante ao que ocorreu dois anos depois à União Soviética. Eles queriam "abrir" a China, não de verdade, mas para permitir aos bancos e corporações imperialistas o saque dos bens públicos.
Após ter ficado de sobreaviso por algum tempo, o Exército Popular de Libertação foi chamado e a sublevação foi esmagada. A China não se extinguiu como a União Soviética. Sua economia não implodiu nem caíram os padrões de vida. Muito pelo contrário. Salários e condições sociais foram melhorados ao mesmo tempo que trabalhadores ao redor do mundo são obrigados a arcar com severas crises do capitalismo.
A despeito de profundas concessões ao capitalismo, estrangeiro e doméstico, a China continua a ter uma economia planejada, baseada em uma forte infraestrutura estatal.
Fonte: Workers Workd: E-mail: dgriswold@workers.org
Via Ronaldo Livreiro.
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