Tradução de Felipe Cabral.
Uma autoridade alemã de proteção de dados está “descurtindo” o botão “Curtir” do Facebook.
O comissário* de proteção de dados do estado de Schleswig-Holstein, na última sexta-feira ordenou que instituições do Estado retirassem as “Fan pages” do Facebook e que removessem o botão “Curtir” de seus sites, alegando que isso leva ao perfil, violando leis alemãs e européias.
O Facebook insistiu, ainda na sexta-feira, que está em total conformidade com as leis europeias de proteção de dados.
O comissário Weichert emitiu uma declaração dizendo que a análise técnica efetuada por seu gabinete mostra o Facebook violado leis alemãs e européias de proteção de dados, passando os dados de conteúdo para os servidores da rede social, nos EUA.
Ele disse:
“Quem visita o site facebook.com ou usa um plug-in de interação com o site deve ficar certo que, ele ou ela vai ser monitorado pela empresa Facebook por dois anos. O Facebook, com esse monitoramento, constrói uma ‘individualidade alargada’ e para seus ‘membros’ sempre em um perfil personalizado.”
Um porta-voz do Facebook reconheceu que a empresa tem acesso a “informações como o endereço IP” dos usuários que visitam o site com um botão de “Curtir”.
“Nós excluímos esses dados técnicos no prazo de 90 dias”, disse o porta-voz, que não quis dar seu nome, de acordo com a política da empresa. “Isso está de acordo com os padrões da indústria normal.”
O gabinete do comissário Weichert ordenou que donos dos sites em Schleswig-Holstein “interrompam imediatamente o repasse de dados de usuários para o Facebook nos EUA desativando os respectivos serviços na rede social” e ameaçou tomar medidas legais se isso não for cumprido.
Ele pediu também aos usuários da Internet em geral que “mantenham os seus dedos longe do clique nos botões ‘curtir’, em quaisquer sites” e que “não criem uma conta no Facebook” para evitar que seus dados sejam capturados do perfil.
Os guardiões das rígidas leis de privacidade da Alemanha têm repetidamente colidido em questões de privacidade com gigantes internacionais da Internet, como o Facebook e o Google – muitas vezes com sucesso.
No ano passado, o Google teve de permitir que os alemães que se opusessem ao seu sistema de Mapeamento de Ruas (Google Street View) borrassem as imagens de suas casas, enquanto o Facebook, em janeiro, teve de conceder mais controle aos usuários sobre seus catálogos de endereços de e-mail, após uma disputa envolvendo o aplicativo “Friend Finder” (buscador de amigos).
A última desavença Alemã com Palo Alto, cidade cede da empresa Facebook, também vem uma semana depois de um dos principais membros do partido conservador alemão, o UDC (União Democrata Cristã, mesmo partido da chanceler Angela Merkel), em Schleswig-Holstein, quando este renunciou ao cargo após admitir ter um caso com uma garota de 16 anos que conheceu no site.
Depois da renúncia, Christian von Boetticher, provocou um debate sobre o papel dos meios de comunicação na vida dos políticos, no qual jornais alemães ficaram cheios de relatórios de membros do seu partido, trazendo também forte reação ao tempo gasto por legisladores do estado com postagem de informações no facebook, mais tempo do que o usado no foco de trabalho. Desde então, ele excluiu o seu perfil Facebook e permanece assim.
* N.T.: na Alemanha e em diversos países europeus, o termo comissário é usado para designar um funcionário público que tem função próxima de “Promotor do Ministério Público”.
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