RIO - A polícia do Distrito Federal investiga fraude na contratação da empresa que promoveu um amistoso entre a seleção brasileira e Portugal, em novembro de 2008, que terminou com vitória do Brasil por 6 a 2 na reinauguração do estádio Bezerrão, no Gama, região metropolitana de Brasília. Policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão, neste sábado, no Rio de Janeiro.
Segundo as investigações, o amistoso, organizado pela empresa Ailanto Marketing, com sede no Rio, custou R$ 9 milhões ao governo do Distrito Federal. A empresa, de propriedade de Vanessa Almeida Precht e de Alexandre Russel Feliu, iniciou suas atividades pouco mais de um mês antes da realização do amistoso. A polícia diz que a Ailanto Marketing não possuía sequer telefone fixo, e tinha um capital social de apenas R$ 800.
Uma equipe formada por 12 policiais civis do Distrito Federal foram ao Rio para cumprir mandados de busca e apreensão na sede da empresa, no Leblon, na Zona Sul da cidade. A polícia de Brasília afirma que para negociar com o governo do DF, a Ailanto obteve do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a cessão de direitos sobre o jogo.
Segundo a investigação, o então governador José Roberto Arruda, ao assinar contrato com a empresa, juntamente com o então secretário de Esportes, Aguinaldo Silva de Oliveira, ignorou a decisão da procuradoria do Distrito Federal, que considerou imprestáveis os motivos que justificavam o valor do espetáculo. Arruda foi preso em fevereiro do ano passado sob acusação de tentativa de suborno no escândalo conhecido como "mensalão do DEM de Brasília". O mandato dele foi cassado em março do mesmo ano pelo TRE por infidelidade partidária.
Rombo ultrapassou R$ 9 milhões, diz polícia
A polícia afirma que o rombo nos cofres públicos do Distrito Federal ultrapassou os R$ 9 milhões, uma vez que as despesas com o jogo, que eram de responsabilidade da empresa Ailanto Marketing, foram pagas pela Federação Brasiliense de Futebol, à época presidida por Fábio Simão, que também foi chefe de gabinete do ex-governador Arruda.
O advogado do ex-governador, Edson Smaniotto, disse que há exceções que permitem aos governos fazer contratos sem licitação. Para o advogado, por exemplo, não há como fazer licitação quando se trata de seleção brasileira.
Fábio Simão disse que em nenhum momento os R$ 9 milhões referentes à promoção da partida passaram pela Federação Brasiliense de Futebol.
O assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, informou que os jogos da seleção brasileira são vendidos a uma empresa da Arábia Saudita, que detém os direitos de negociação, contratação e produção dos eventos. Segundo o assessor da CBF, deveria ter sido esta empresa a vendedora dos direitos à Ailanto Marketing. Portanto, diz o assessor, a CBF não tem relação com as irregularidades.
Os donos da Ailanto e Aguinaldo de Jesus, ex-secretário de Esportes do Distrito Federal, foram procurados pelo "Jornal Nacional", mas não foram encontrados para falar do caso.
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