CPI da Veja!

Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior. Memorialista - Editor do Blog da Dilma - cartaxoarrudajr@gmail.com

Até o mundo mineral sabia que o sucessor natural do Lula seria José Dirceu. A escalada de Lula ao poder foi pavimentada por três derrotas sucessivas. A primeira para o Collor, com a sabotagem da grande mídia; a segunda para o FHC; e a terceira como fruto das trapaças que permitiram a reeleição, numa negociação política ainda pouco esclarecida. Em todas essas ocasiões, o gênio de José Dirceu articulava a chegada do PT ao governo. E sempre foi lembrado como o melhor quadro político para sequenciar o governo Lula, com o consenso, talvez o único, entre todas as tendências do PT. O Homem era o Zé. E a opção da reeleição de Lula, só se consolida quando os grandes interesses decidiram cortar a cabeça do José Dirceu. Ele incomodava as velhas elites, quando chefiava a Casa Civil e vislumbrava mudanças mais profundas, tanto na reforma do Estado e da cultura política, bem como na sua determinação pelo desenvolvimentismo econômico e social. O resto é balela.

Aí, na última hora pimba, aparece um ladrão de caça níquel de cassino. Diga aí se pode, tanta ironia, um sujeito formado pela inteligentzia cubana cair num golpe de mafioso da laia do Fulgêncio Batista. O Zé ia lá cair numa dessa! Mas o PiG o atolou nessa, foi crucificado. Tentam levá-lo ao ostracismo, uma obsessão da velha mídia. O Zé é o maior perigo para ela. Luta para regulamentar a mídia intermitentemente, sem pausa, combate, nunca vacila, é isso que assusta a carcomida mídia. A sua tenacidade é a mesma do Brizola. Zé Dirceu não abre nunca e não deixa pergunta sem resposta por mais pernóstica que seja.

A Veja é o carro chefe do lema: Zé Dirceu, o Terror da democracia, o homem é o fim do mundo e por aí vai... O Zé Dirceu vai enfrentar em breve o último dos processos contra ele, até agora tem sido absolvido em todos. Então tiveram que apelar. E a Veja de novo não tem escrúpulos, extrapolando o bom senso, os limites da lei e dos direitos básicos. Tentaram colocar escutas, espionar o seu quarto de hotel e fizeram imagens com o uso de câmaras camufladas, visando expor as visitas do Zé. Tentaram duas vezes seguidas invadir o seu quarto, ludibriando a camareira. Em seguida, fez-se passar por Roberto, o ET de Varginha, que dizia ter documentos para entregar a Dirceu. Evitou o flagrante fugindo com a parafernália de espionagem, sem pagar a conta, coisa que não é boa de inglês ver.

E não é crime se fazer política, para um dirigente histórico do PT? Articular e exercer o direito de influenciar os rumos do governo é ato democrático e de boa fé. Pois quem conspira contra o governo Dilma é quem quer manter o fisiologismo e a barganha como fatos normais da vida política. E nessa, a imprensa tradicional é fonte de desestabilização, ao construir falsas realidades, com claros interesses e métodos antiéticos.

Mas o mais estarrecedor de tudo é o grito do silêncio, o vácuo da grande mídia acerca das táticas criminosas da Revista Veja. A grande mídia, solenemente, desconhece os fatos que envolvem a quebra da ética jornalística e dos princípios constitucionais dos direitos individuais. A imprensa conservadora fez uma pauta dominada por fatos jornalísticos, mas que não mereciam monopolizar a informação e oculta assuntos relevantes: fomos inundados pelo furacão Irene, que mereceu mais atenção que a tragédia de Petropólis (“Quero ver Irene, rir, quero ver Irene da sua risada! Eu, não sou daqui eu não tenho nada...")! E pelo acompanhamento pormenorizado, em detalhes e repetidamente do AVC do técnico de futebol do Vasco da Gama, dando instantaneamente a mesma atenção que ao calvário de Tancredo Neves.

A edição da última revista Veja como a edição sobre das FARC apoiada pelo governo Lula. E a capa da Veja com o Pé na Bunda do Lula, junte a que trazia os dólares cubanos que estavam numa caixa de uísque paraguaio em vez da clássica caixa de charuto. A ficha de terrorista da Dilma... É o mais sujo que a imprensa marrom faz à mídia brasileira chegar. Equivale ao primeiro grito pela regulamentação da mídia quando da manipulação do debate Lula x Collor ou a bolinha de papel. A culpa ao Lula do acidente da TAM, e tantas outras. Mas essa agora espocou a cilibina e a sociedade civil organizada tem que tomar uma posição e exigir a regulamentação da mídia. E o primeiro passo é uma CPI.