terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ginecologista é presa por omissão de socorro

Grávida não é aceita em hospital por falta de leitos e gêmeos morrem 

A mulher teve os filhos dentro de uma ambulância, mas eles não sobreviveram. A ginecologista de plantão foi presa por omissão de socorro.

Dois atendimentos médicos foram parar na delegacia. Um dos casos aconteceu em Florianópolis. Uma médica se negou a atender a paciente, as duas acabaram discutindo e tudo foi gravado. A outra confusão foi em Belém, onde uma mulher teve os filhos gêmeos dentro de uma ambulância enquanto procurava vaga nos hospitais da cidade. As crianças morreram sem ser atendidas.

No caso de Belém, a ginecologista de plantão foi presa por omissão de socorro. De acordo com a família, a Santa Casa se recusou a atender Wanessa, grávida de gêmeos. Um funcionário disse que não havia vaga na maternidade. O casal procurou outro hospital na cidade, onde também não conseguiu atendimento. Desesperado, Raimundo Farias, pai das crianças, chamou os bombeiros, que levaram Wanessa de volta à Santa Casa, mas não deu tempo.

O parto foi improvisado dentro da ambulância e os bebês não resistiram. As crianças morreram antes de chegar ao hospital. A jovem só conseguiu ser atendida na Santa Casa depois de ter os bebês. Foram os bombeiros, que acompanharam todo o drama da família, que deram voz de prisão à ginecologista de plantão.

A Santa Casa informou que a UTI de prematuros está superlotada, com 123 bebês internados, 16 acima da capacidade e por isso, desde sexta-feia (19), o hospital não recebe grávidas que ainda não completaram nove meses de gestação.

Situações como a falta de leitos e de médicos também são comunso no resto do país, o que agrava a crise na saúde. Em muitos casos, os pacientes não conseguem atendimentos simples e o transtorno acabe sendo ainda maior quando o descaso no atendimento vai parar na delegacia.

Assista ao vídeo:

2 comentários:

Anônimo disse...

Entrei aleatoriamente neste site para saber dos direitos do paciente em hospitais públicos, já que acredito que só assim poderemos melhorar o SUS. Sou professora federal… Acho importante buscarmos viver uma prática de usufruir nossos direitos, mas é preciso coragem, pois a cada experiência é um risco de vida. Historicamente, as pessoas enfrentam situações de puro descaso, desrespeito e posso dizer que ignorância, de alguns profissionais da saúde, no que se refere ao art. 196. Talvez possamos dizer que o “padrão de integralidade” que estes, ou o senso comum, vivencia na sua prática, seja como o de muitos profissionais da educação: “uma escola pobre para pobres”, então uma saúde pobre para pobres… É revoltante viver isso, mas temos que conhecer nossos direitos para poder usufruir deles e temos que conhecer nossos deveres enquanto profissionais para podermos ser éticos na nossa profissão…

Fernando disse...

Gostaria de enfatizar tendo por base as reflexões observadas na reportagem que a saúde, direito constitucionalmente garantido, não pode ser objeto de intervenção cada vez mais direta do Poder Judiciário. Todos nos deparamos hoje com a judicialização da saúde, onde o que está por trás das inúmeras tutelas de urgência não é o direito à saúde mas sim a ganância de poucos. O que espanta é que ao invés do Judiciário lançar mão dos conceitos lógicos e técnicos para julgar e decidir uma demanda, adota postura fundada em argumentos efêmeros. Basta à retórica! Enalteçamos a evidência.

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