Por LEN*
Sucessivas vitórias em eleições presidenciais, a despeito de ter a grande imprensa como oposição, serviram para criar uma falsa impressão de que os grandes veículos de comunicação teriam perdido definitivamente o poder de persuasão, de formar opinião, de decidir eleições e de influir na estabilidade do governo. Na verdade, essas vitórias nunca foram tranquilas, foram verdadeiras batalhas travadas em vários níveis e dependeram de um grande esforço do ex-presidente Lula, governo e militância no sentido de estabelecer o contraditório.
Sucessivas vitórias em eleições presidenciais, a despeito de ter a grande imprensa como oposição, serviram para criar uma falsa impressão de que os grandes veículos de comunicação teriam perdido definitivamente o poder de persuasão, de formar opinião, de decidir eleições e de influir na estabilidade do governo. Na verdade, essas vitórias nunca foram tranquilas, foram verdadeiras batalhas travadas em vários níveis e dependeram de um grande esforço do ex-presidente Lula, governo e militância no sentido de estabelecer o contraditório.
Tenho ouvido com frequência alegações como “o povo não pode ser mais enganado”, “o PiG está em decadência”, e outras expressões da vontade que as derrotas da velha mídia se tornem irreversíveis. Vejo essas manifestações com preocupação, pois não se pode abaixar a guarda nem menosprezar o poder de convencimento dos ditos “formadores de opinião”.
Os principais veículos de comunicação não desistiram de entregar o poder aos seus aliados conservadores e, enquanto a militância comemorava e festejava, o embrião criado durante as eleições do ano passado, no famigerado congresso do Instituto Millenium, se desenvolvia, planejando na surdina os próximos ataques.
Cronograma, repercussão e coordenação de movimentos
A estratégia do grupo do Millenium parece óbvia: emparedamento do governo através de uma sessão de denúncias, intercaladas por intervalos de intensa repercussão das notícias, para criar a percepção de mar de lama no governo.
Para obter o efeito de manter o governo nas cordas, os atores reúnem munição contra ministros, em áreas críticas onde existe uma suscetibilidade histórica de maior nível de corrupção. Como denúncias esparsas não provocariam a comoção que tentam gerar na população, foi criado um cronograma para o ataque. Durante o tempo em que se imaginava uma lua de mel da imprensa com o governo, a equipe de campo procurava pontos fracos, que eram armazenados para o momento do ataque.
As denúncias não se concentram mais em um veículo, para não criar a impressão de perseguição, portanto, um veículo apresenta uma denúncia que é repercutida pelos outros, que por sua vez adicionam novas denúncias referentes ao mesmo caso para mantê-lo em evidência. Quando sugam tudo que podem de uma denúncia, vem nova investida e o ciclo se repete. Nessa frente coordenada e bem ensaiada, já se passam mais de 90 dias de ataque ininterrupto contra o governo Dilma.
Vocês acreditam em coincidência? Que calhou dos casos acontecerem em sequência temporal? Se vocês repararem bem, vão perceber que esse tipo de ataque já tinha sido usado antes, e com a prática se aproximam da eficiência que buscam.
Objetivos
Os objetivos principais do grupo do Millenium são: minar a popularidade de Lula para inviabilizar que ele seja uma opção eleitoral futura (a “herança maldita” repetida à exaustão) e destruir o governo Dilma, fazendo pegar uma imagem de corrupção desenfreada, como nunca vista antes. Há um discurso muito bem ensaiado no sentido de tentar responsabilizar Lula pelos casos recentes, com uma persistência notável. Julgam que sua tarefa mais difícil é derrubar Lula do seu patamar de aprovação, meta que não conseguiram durante os seus dois mandatos, até porque, diferente de agora, o presidente tinha espaço para se defender.
Infelizmente o governo está sem um canal de comunicação direta com a sociedade, falha ao deixar seus adversários acusarem sem contraditório e, até pouco tempo se orgulhava de uma suposta estratégia vencedora em que só apanhou no período. Felizmente, nas últimas declarações da Presidenta Dilma, ela deu sinais que “não se deixaria pautar”, o que mostra que alguns ajustes foram feitos.
O governo pode ser republicano e Dilma estadista sem precisar abrir mão da combatividade na luta política. Espera-se em uma democracia que o governo respeite seus adversários e exija que seja respeitado, mas não se esqueça que existem profundas diferenças ideológicas e programáticas entre o grupo que está governando e a oposição composta dos veículos de comunicação e seus partidos satélites. Adversário deve ser tratado como adversário, que o governo não demore a perceber isso. Acho que chegou a hora de a Presidenta partir com tudo para cima e mandar o Paulo Bernardo desengavetar a lei dos meios.
*É editor-geral do Ponto & Contraponto e coeditor do Terra Brasilis.
*É editor-geral do Ponto & Contraponto e coeditor do Terra Brasilis.
Fonte da imagem ilustrativa: http://www.uvw.com.br/quem_somos.html
5 comentários:
Perfeita análise, cumpadi LEN.
O problema é que, se o que você diz não entra na pauta das reflexões da militância, o Instituto e os "Institutos" que se contrapõem ao projeto do Governo LULA-DILMA acabarão fazendo valer seus espúrios objetivos engendrados na surdina.
Grande abraço!
E, com certeza estes ataques ,premeditados, ao Governo Federal e ao Lula, tem o derrotado Serra como articulador em tempo integral.
Cara Odete,
Disso não se tenha dúvida. Sua observação é a seta na maçã.
Grande abraço e obrigado pelo comentário.
Cumpadi e Odete, não sei se o coiso é responsável ou não, mas no mínimo se aproveita da situação como oportunista que é.
Claro, cumpadi, que o "coiso" rsrs é um entre outros "coisos", mas não podemos deixar de considerar a sua importância neste processo infame que a mídia rege contra o Brasil dos brasileiros.
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