A partir da página 20 desta edição da Carta Capital, a Presidenta Dilma Rousseff, em entrevista a Mino Carta, Luiz Gonzaga Belluzzo e Sergio Lírio mostra por que o Nunca Dantes a escolheu e por que a popularidade dela dá uma surra no Fernando Henrique.
Começa que ela já assistiu duas vezes ao “Trabalho por Dentro” (Inside Job), o documentário que mostra por que os Estados Unidos quebraram em 2008 e como Obama está inteiro, lá dentro.
(Este Conversa Afiada se sensibiliza com o gosto cinematográfico da Presidenta, depois de compartilhar com ela a devoção incomparável a Emily Dickinson.)
A Presidenta analisa as duas utopias em curso.
Uma, a dos republicanos americanos – e ela dá nome aos bois -, que acreditam na destruição do Estado como solução.
(Ronald Reagan foi quem cunhou a expressão “o Estado não é parte da solução; ele é O problema”).
A outra utopia é a que vige na Europa: uma união monetária em que a economia central estrutura o mercado, vende os produtos ao mercado e não tem nenhuma responsabilidade fiscal.
Quando alguém quebra, porque tomou muito dinheiro emprestado aos bancos da economia central, como a Grécia, o centro vai lá e salva.
Mas, quando é a Itália ou a Espanha, aí, fica “mais complexo”, diz ela.
Ou seja, a vaca vai pro brejo, diz o ansioso blogueiro.
Dos Estados Unidos, o temor é o Banco Central optar por um “quantitative easing 3”, ou sejam, irrigar o sistema financeiro com a compra de títulos – e derramar dinheiro em mercados emergentes, como o brasileiro, que é segundo ela, “apetecible”, para usar uma expressão que ouviu de uma ministra argentina.
Sem bravatas, a Presidenta enumera ponto por ponto o que pode fazer, diante de uma crise de tipo novo e cujo perfil ainda não se conhece definitivamente.
Vai ser uma “marcação homem por homem”, diz ela.
Ela desconcerta os entrevistados, quando tentam demonstrar que as obras para a Copa não ficarão prontas.
E quando a Carta afirma, “a FIFA é uma organização mafiosa e o nosso líder futebolístico fica muito bem dentro desse panorama”, ela pergunta:
Quem é o nosso chefe?
A Carta responde:
Ricardo Teixeira.
Do Governo ele não é, diz ela.
Por isso, ela escalou o BNDES para financiar as obras e não deixar o Teixeira ficar perto do cofre (essa dedução é do ansioso blogueiro).
Se houver algum problema, diz ela, será com o estádio de São Paulo, que vai ficar pronto em cima da hora.
(Quem mandou eleger o Padim Pade Cerra governador?)
Ela defende o trem-bala de forma irrefutável.
E apresenta uma nova “obsessão”, depois de jurar que vai tirar 16 milhões de brasileiros da miséria.
É a obsessão pelo tratamento médico em casa, o home care: levar o hospital à casa do doente.
É mais barato, descongestiona os hospitais e diminui o tempo em que as pessoas ficam no hospital.
Sobre o Johnbim.
Ora, sobre o Johnbim.
Até nas monarquias os reis eram substituíveis, diz ela.
Daqui a um ano ela quer conversar com o pessoal da Carta sobre o desempenho do Celso Amorim.
E se alguém ainda é vivandeira, é uma minoria entre militares e na mídia.
(No PiG, a Eliane Catanhêde foi quem liderou a oposição ao Celso Amorim.)
Afinal, Amorim sempre foi a primeira escolha dela para a Defesa.
Resumo da ópera.
O PSDB não tem um quadro para enfrentar a Dilma, tecnicamente, num debate.
O PSDB não tem um líder para enfrentar a Dilma numa campanha pelo país afora.
O PSDB não tem programa para se contrapor ao da Dilma.
Quem mandou a oposição delegar ao PiG a formulação de idéias?
Quem mandou a oposição ficar atrelada ao PSDB de São Paulo, a maior província do Brasil?
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