domingo, 14 de agosto de 2011

Os jornais e o povo

Esta semana foi marcada por mais denúncias envolvendo um dos ministérios do governo Dilma. E também pela ação "republicana" da Polícia Federal, interessada em constranger acusados, ou seria constranger o próprio governo a que serve? Aí na internet encontrei os velhos críticos da grande imprensa chamando os progressistas e alternativos para novo embate. A pergunta era: por que eles não falam nada? Por que pararam de criticar "seu" governo?

Estamos diante, mais uma vez, de um fenômeno que temos visto se repetir com uma frequência assustadora. Em vez de jornalismo crítico, jornalismo de oposição. Não basta apontar os erros, a corrupção e as irregularidades. Precisam servir para fundamentar um discurso catastrófico, de profunda crise, anti-nacionalista, privatista e mercadista. Claro que quem tem bom senso não cai nessa cilada armada por jornalistas engajados politicamente.

É fácil dizer: a relação do governo com a base é clientelista. Mas quando o governo age e põe o dedo na ferida, os jornalistas-opositores se aliam aos "bandidos" para fazer o jogo sujo do desgaste político. Como se não fosse possível separar a crítica de princípios. O governo tem falhas? Claro, todo governo tem. Mas uma coisa é apurar, corrigir e transformar. Outra, bem diferente é acusar e, quando o governo age, ele é que é inábil politicamente.

Nas conversas que tive com colegas esta semana, ouvi uma análise muito interessante sobre como, a exemplo da oposição, a grande imprensa está perdida. Ela não pode bater muito na Dilma, porque se a Dilma se enfraquece o caminho natural é volta de Lula. E como se sabe, Dilma tem desprendimento suficiente para deixar o poder, se for esse o caso.

Mas também não dá para a Dilma ficar muito forte, porque se ela ficar muito forte pode tentar a reeleição e aí, o projeto político do PT de ficar 20 anos no poder se fortalece. Portanto, é necessário sangrar o governo enquanto seduz sua presidente. Quem sabe não venha daí um rompimento dela com o barbudo, criador versus criatura, o que abriria caminho para uma ruptura e, consequentemente, a abertura de uma terceira via, oposicionista.

É uma equação muito difícil. Para isso, a grande imprensa está flexibilizando ao máximo. Por enquanto, quem está ganhando é governo Dilma e seu maior avalista, Lula. Basta andar nas ruas e conversar com aqueles que, em vez de ficar lendo os jornais que estes colegas escrevem, fazem parte da dura realidade chamada povo.

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