quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Rumor de perseguição a Amorim envolve a Globo

Jornalista Rodrigo Vianna, ex-Globo, divulgou em seu blog suposta marcação da vênus platinada sobre o ministro da Defesa; intenção seria a de ouvir apenas generais que não gostam dele; William Bonner teria sido convocado a trabalhar no final de semana para driblar o vazamento

247 – Na última sexta-feira, 5, o repórter da Rede Record Rodrigo Vianna, ex-Globo, recebeu ligação de uma fonte que trabalha na sua antiga emissora. O contato reportou ao jornalista detalhes de uma suposta orientação da diretoria da emissora para a produção de reportagens que desqualificariam o ex-chanceler Celso Amorim como ministro da Defesa. Foi o que Vianna escreveu em seu blog, Escrevinhador. Segundo sua fonte, “a orientação é muito clara: os pauteiros devem buscar entrevistados – para o JN, Jornal da Globo e Bom dia Brasil – que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar ‘turbulência’ no meio militar”. A fonte teria dito ao repórter da Record: “É cada vez mais desanimador fazer jornalismo aqui”.

Rodrigo Vianna, que trabalhou na Globo de 1995 a 2006, ano em que foi demitido, associou a informação ao “velho jornalismo praticado na gestão de Ali Kamel”, atual diretor de Jornalismo da emissora, pela qual as “reportagens devem comprovar as teses que partem da direção”. No caso de Celso Amorim, a fonte teria lhe dito que a jornalista Eliane Cantanhêde também iria ajudar com a repercussão da teoria, com seus comentários na Globo News. “Fique atento aos comentários dela; está ali para provar a tese de que Amorim gera instabilidade militar, e de que o governo Dilma não tem comando”. O contato, chamado por Rodrigo Vianna de “colega jornalista”, deu os bastidores: “rapaz, eu não tenho blog para contar o que estou vendo aqui, está cada vez pior o clima na Globo”.

Nesta quarta-feira, o jornalista Luis Nassif publicou em seu blog que após a informação do plano “caça a Amorim” ter vazado da Globo, a emissora busca quem o delatou para Rodrigo Vianna. “Como era sigiloso e envolveu não mais do que 20 profissionais de três capitais, eles consideram que fazer o mapeamento e achar o ‘traidor’ é questão de tempo”. Nassif lembra aos diretores, porém, que esse tipo de segredo “não dá pra ser guardado numa redação”. O processo para o vazamento, descrito pelo jornalista, é simples: um editor tem sempre outro editor com quem troca confidências, os repórteres sempre comentam com os cinegrafistas, sem contar que há sempre alguém que ouve. “(...) esqueçam, será impossível descobrir de onde partiu a notícia que caiu como uma bomba no colo dos gestores”.

Em seu blog, Nassif revela que até mesmo o Código de Princípios da Globo, planejado para ser divulgado em um seminário, teria sido antecipado por conta do vazamento. E que, pelo mesmo motivo, os comandantes do Jornal Nacional, William Bonner e Fátima Bernardes, teriam sido convocados para trabalhar no final de semana, “fato raríssimo”, descreve Nassif. O Brasil 247 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Globo, que ainda não respondeu sobre o caso.

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