terça-feira, 6 de setembro de 2011

Análise do IV Congresso Nacional do PT

Íris Tavares - Historiadora. Membro do Diretório Estadual do PT-CE. Presidente do IMPARH. E-mail: iristavaresce@yahoo.com.br

A realização do IV Congresso Nacional do PT desdobra-se dentro de uma conjuntura política bastante favorável. O Partido dos Trabalhadores detém uma história que vem se atualizando ao longo desta última década. Um partido jovem cuja fundação remonta aos anos 80. O que são trinta anos diante de séculos de uma cultura política de dominação que forjou a republica brasileira? É grande o desafio, porém o PT é o partido das massas rebeldes vestidas de uma resistência que impressiona. Não há quem não seja impactado pela crise da civilização, governos, sociedades, países, a humanidade, o planeta. No rastro de um sistema econômico globalizante, o imperativo é que não haja parada, nem atropelos, nada que possa ameaçar a ordem e o alinhamento do mercado mundial. A lógica de sustentação do imperialismo econômico não considera impacto aquele gerado por iniciativas das grandes empresas que alimentam e expandem os interesses do sistema capitalista. Por isso matar gente, assassinar comunidades inteiras, tirando-as do seu hábitat natural, traficar mulheres, financiar e administrar redes de prostituição de jovens, mulheres e homens, comercializar e traficar armas, incentivar a rivalidade e o ódio entre os povos de países diferentes passa a ser, na leitura da naturalidade e conformidade das coisas, uma tendência dos tempos. Um grande cientista e filósofo já dizia: “Nada é natural”. E ouso tentar dialogar com um pensamento que coloca e admite o rolo compressor e a perversão nesses caminhos franqueados por onde se desenham as tendências que movimentam os mercados.


Muitas de nós petistas e militantes do Partido dos Trabalhadores podemos dar um testemunho de que buscar a política, compreender seu sentido e fazer desse conhecimento uma prática constante, com a riqueza dialética que torna inteligente a visão de mundo, de lugar e de sentido das vidas individual e coletiva, para qualquer um de nós, é um processo de amadurecimento político e de compromisso com a conquista de uma sociedade com justiça social. Por isso superamos também a crise que se abateu em nosso partido em meados da década de 2010. Depois de uma dura lição que caiu sobre nossos ombros e o nosso coração revolucionário, nada poderia ser tão marcante. Pedir desculpas para a sociedade não foi suficiente, e o pedido de perdão de alguns àquelas que fizeram do partido sua casa, sua ideologia, seu lugar seguro foi fundamental.

Os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva consolidaram uma marca de inclusão social no Brasil, ganhando referência internacional. Hoje a sua sucessora, a Presidente Dilma Rousself, dignifica a luta e a presença das mulheres no poder, quebrando a espinha dorsal de uma cultura machista e de muita violência contra as mulheres. Assim como é hoje a presença marcante da Prefeita de Fortaleza, a professora Luizianne de Oliveira Lins, obstinada no seu primeiro e no seu segundo mandato, apostando na inversão de prioridades e no governo da participação popular. E tantas(os) outras(os) companheiras(os) petistas que têm dedicado parte de suas vidas nesse labutar de sonhos e realidades que se entrelaçam.

Foi assim que, no III Congresso Nacional do PT, delegadas e delegados defenderam a tese de que o PT é sim um partido de massa, assim como o PT é socialista, anticapitalista e representa a classe trabalhadora. Um partido classista que sabe da sua missão e da sua opção pelas lutas sociais. O PT do socialismo, do feminismo, do ecossocialismo, da ética, do combate à corrupção, do combate à desigualdade, da luta em defesa dos direitos humanos, em defesa da reforma agrária, no combate ao racismo, à intolerância, em defesa da criança e do adolescente, dos idosos. O partido do respeito às diferenças. Esse é o debate vivo e bem aceso dentro do PT, que agora, com as resoluções do IV congresso, só nos impulsiona a avançar cada vez mais.

Eis algumas decisões aprovadas no congresso, como os 20% das vagas para menores de 30 anos em todas as instâncias do partido, a paridade de gênero, 50% em todas as instâncias do partido, o código de ética do partido, ganha espaço e será encarte do estatuto, a escola nacional de formação, a qual passa a ser órgão do PT; que para disputar as eleições, o PT tem que ter vida política de diretório, serão apenas três mandatos consecutivos para os petistas que detêm mandato no legislativo.

A história do Partido dos Trabalhadores se confunde com toda a luta dos movimentos sociais e da luta pelos direitos sociais, civis, políticos; e é nesse contexto, respeitando a sua história e o legado que possui, que o PT tem a convicção de que não há mais como retroceder e que, além dos governos e mandatos que se têm conquistado, a força motriz para transformar a velha, atrasada e conservadora cultura republicana cabe a nós. Vale o esforço para bani-la, expurgá-la da convivência e do ambiente público que serve de palco para os avanços das lutas de um povo que, a cada dia, nos mostra quão distantes têm estado os governos em relação às demandas e aos apelos mais legítimos e justos da sociedade. Salve o PT e o povo brasileiro!

Maria ÍRIS TAVARES Farias(foto acima)

Historiadora. Membro do Diretório Estadual do PT-CE. Presidente do IMPARH.
Instituto Municipal de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos de Fortaleza-IMPARH.
Av. João Pessoa, 5609. Bairro Damas.Fortaleza-Ce.CEP 60.425.682
www.imparh.ce.gov.br Contatos: + 55 85 34332961 - e-mail: iristavaresce@yahoo.com.br

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