Eu quero ser rápida. Um mesmo assunto rende muitos textos nos blogs em geral, e sempre acabo acreditando que o meu em nada acrescentará. Mas vamos lá.
A tal propaganda de Gisele Bunchen pra mim reforça aquilo que já estamos carecas de saber: A publicidade é machista. A desculpa que já ouvi de alguns profissionais do ramo é de que pesquisas são feitas e revelam que o famigerado "público alvo" gosta mesmo de piadinha machista. Vovó incentivando a liberdade sexual da neta, por outro lado, vira motivo de catarse publicitária.
Já mulherzinha escrava e gostosa, com a qual novamente nos brinda Gisele Bundchen, é sucesso:
De fato, os publicitários tem certa razão. Qual o público-alvo da Hope e da Sky? A nossa fofíssima classe média, que pode pagar por uma calcinha de no mínimo R$ 18,00 e um pacote de tv por assinatura de no mínimo R$ 49,90. Parcela da sociedade que tem uma tendência maior ao conservadorismo, posto que direitos "adquiridos" lhes trazem o medo da castração do "conquistado". Mudança, abertura, igualdade de direitos, assustam. Mulheres podem até trabalhar e estudar, mas o ideal mesmo é que se casem "bem". Mas não é só isso.
Nossa sociedade é de fato ainda muito conservadora, não negarei isso. Mas questiono o papel da publicidade neste caso. É a velha história do ovo e da galinha, o que vem antes? O machismo das pessoas se deve ao comercial? Ou o comercial reflete o machismo existente na sociedade?
Sim, a sociedade vem antes da publicidade, o machismo nem se fala, então tá tudo certo? Não.
Pois a TV, o comercial, por seu poder de influenciar massas, deve incorporar consciência social crítica. O comercial machista, para mim e outras tantas mulheres pessoalmente ofensivo inclusive, perpetua o status quo machista, do self made man que possui um autômato estilizado e reprodutor a que costumam chamar de mulheres.
A responsabilidade da publicidade, neste caso e em muitos outros, é zero. Legitima a violência contra mulher, por ser ela esta "coisa" que apenas consome e reproduz (pra eles), legitima o papel da mulher objeto, que pode ser desrespeitada, posto que não pensa em nada além de chantagear um marido burro a realizar seus medíocres desejos.
Somos mais do que isso. Todos, homens e mulheres. (E eu queria ser rápida...)
Mas não me surpreende, pois a idiotização das pessoas, a transformação de seres inteligentes em meros "consumidores", é que fabrica este tipo de propaganda. Aliás de onde veio a propaganda mesmo? Ah, sim, do início da criação, dentro das primeiras grandes indústrias do século XX e suas problemáticas de gestão, da diversificação de produtos de acordo com segmentos de clientes, lá nas indústrias automobilísticas, principalmente. A Ford teve muitos problemas quando a Renault inovou com os carros por segmentos, e teve que rebolar para mudar a gestão e se livrar do outrora desejo de consumo Ford T, pretão clássico.
Foi onde nasceu fortemente o estudo publicitário em si, as tais pesquisas por segmentos de consumo, embora antes já houvessem anúncios de mercadorias nos jornais e publicações.
Meu ponto é: tudo termina no capitalismo em si, o machismo constantemente reafirmado é parte de seu controle.
A Hope quer saber é dos seus lucros, e possivelmente pode ter exigido da agência publicitária, que também só quer garantir o seu quinhão, bem como Gisele Bundchen, algo deste nível esdrúxulo de mau-gosto.
Mulheres, feminismo, violência, consumo, alienação? Não são preocupações deles. Seus lucros, sim. Nem que para isso tenham que negar que a sociedade pode até ser conservadora, mas está se transformando graças às lutas desse bando de chatos, que não aceitam serem tratados como idiotas.
E esta imagem, pra mim, resume tudo:
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