segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Morre ativista Prêmio Nobel da Paz

WANGARI MAATHAI (1940-2011)

A pastora de árvores

Luciano Martins Costa


A bióloga Wangari Maathai, ministra do Meio Ambiente do Quênia e vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2004, morreu de câncer aos 71 anos, no domingo (25/9). A notícia só chegou à imprensa brasileira na madrugada de segunda-feira (26), e foi reproduzida pelo portal G1,do grupo Globo, às 2h20.

O anúncio oficial de sua morte foi distribuído pela ONU nas primeiras horas da manhã, com um obituário digno de chefe de Estado.

Wangari Maathai foi a primeira mulher da África oriental e África central a alcançar o doutorado, obtido em 1971 na Universidade de Nairobi. Antes, ela havia se formado em Ciências Biológicas e obtido o mestrado na universidade de Pittsburgh, Estados Unidos.



Legado de dignidade


A bióloga se tornou conhecida ao liderar um movimento de mulheres por mais qualidade de vida, nas comunidades pobres ao redor de Nairóbi. Sua receita era simples: uma campanha para estimular o reflorestamento e educar as famílias a tratar as árvores como uma espécie de poupança.

O movimento que fundou, denominado Cinturão Verde, se estendeu por outros países africanos e conseguiu a proeza de replantar mais de 30 milhões de árvores em territórios devastados por desmatamentos e guerras. Mais de 900 mil mulheres participaram de suas campanhas para a criação de “berçários” de árvores.

O projeto de Wangari Maathar foi considerado pela ONU um modelo de desenvolvimento local sustentável e produziu resultados surpreendentes por sua simplicidade: ela tratou de mostrar às famílias pobres do Quênia que um consórcio equilibrado entre algumas cabeças de gado, um pequeno bosque e uma plantação pode produzir alimentos mais do que suficientes para uma família.

Além de combater a fome, ela levou a centenas de milhares de quenianos noções básicas de higiene, estimulou o tratamento da água para consumo humano e organizou sistemas de detecção de doenças endêmicas em outros países africanos.

Apesar de perseguida por políticos e militares corruptos e por chefes religiosos que viam seu poder ameaçado pela Movimento Cinturão Verde, Wangari Maathai conseguiu manter e ampliar seu trabalho ininterruptamente por mais de trinta anos.

Deixa um legado de dignidade e certamente a imprensa brasileira vai acabar descobrindo que ela existiu.


Observatório da Imprensa




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