Por Soraya Aggege
Razão e coração nem sempre se entendem. O PT que o diga. Neste domingo, o partido encerrou, em Brasília, o seu 4º Congresso Nacional com uma resolução política considerada pelos dirigentes mais à esquerda e independente do governo.
O velho coração petista reforçou sua opção pelo socialismo pelo menos seis vezes no documento, de quase 26 páginas. A crise mundial abrirá espaço para a construção de um novo modelo latino-americano anticapitalista.
A reaproximação dos movimentos sociais e a distribuição de terras pela reforma agrária fluíram como um desabafo apaixonado. Mas o mesmo encontro decidiu que o corpo do partido declinará pelo pragmatismo até que o velho projeto de hegemonia política da esquerda fique mais robusto.
Assim, na vida real, no mesmo congresso o PT deu a largada para a ampliação das alianças com o PMDB e abriu as portas para o compadrismo com o futuro PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Uma proposta que previa priorizar as chapas com legendas de centro-esquerda foi barrada, assim como outra que vetava Kassab.
Além disso, foram criadas regras para dificultar a realização de prévias. Agora, os diretórios municipais ou estaduais poderão impedir as candidaturas, caso haja apoio de dois terços dos dirigentes. Onde houver disputa, o candidato do PT a prefeito, senador, governador ou presidente será definido em encontro de delegados do partido, e não por voto direto dos filiados. Isso significa, na prática, que o poder dos comandantes da legenda cresceu e as escolhas seguirão os interesses das alianças, inclusive com os partidos mais à direita.
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