quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A repressão dos índios pela Ditadura Militar

Os índios e a ditadura

Do blog do Luis Nassif, qua, 07/09/2011 - 20:28
Autor: Humberto
Nassif, leitores (as),

No dia 19 de agosto passado, ingressei na Comissão da Anistia do Ministério da Justiça, em Brasília, com um requerimento. Talvez uma bomba.

36 anos se passaram desde que tive que abandonar essa sonhada cidade para me tornar um eterno exilado.

A histórica eleição de Dilma Rousseff e suas emocionantes "lugar de brasileiro é no Brasil... é um direito de todo brasileiro morar no Brasil", fazendo contraponto ao "Brasil - ame-o ou deixe-o", foram a mola propulsora de meu retorno, concretizado em janeiro deste ano, quando, a partir de então, passei a procurar documentos dos órgãos repressores da época. Muita leitura sobre a Ditadura fizeram parte, também, da preparação do meu requerimento. Não precisei de advogado.

Do Canadá, Pais que me acolheu durante os últimos 22 anos, trouxe um importante Atestado de Status de Refugiado Político, com extenso dossiê sobre os motivos que levaram aquele Tribunal, do Alto Comissariado para Refugiados da ONU, a conceder, pela primeira vez, diga-se, tal status a um militante dos Direitos Humanos Indígenas do Brasil.

Neste momento, a "bomba" que a Comissão da Anistia tem na mão, nos seus 10 anos de existência, é inédita.

Sou o primeiro militante indígena a solicitar Anistia.

Engana-se quem pensa que estou buscando indenização. Dinheiro não paga uma vida. Simples.

Quero quebrar um Tabu, ainda existente naquela Comissão: índios e a Ditadura.

Porque em todos os livros, publicações, ações, não se fala, uma linha sequer, dos massacres, dos milhares de desaparecimentos, das perseguições, das torturas, causadas aos índios que resistiram contra uma política exterminadora da Ditadura?

Minha intenção, ao ingressar, na Comissão da Anistia é esta: preencher esta inexplicável lacuna. Abrir os olhos daquele Tribunal que a historia recente deste Pais passa, também, pelos índios e que sem a qual jamais haverá a tal sonhada Conciliação Nacional.

Quanto as louváveis palavras da nossa Presidenta, tenho a dizer que por falta de uma Política de Reinserção da Pessoa do Refugiado Político, de retorno ao seu Pais, minha única morada, neste momento, é a rua, aliás, um Direito que me esta sendo negado:  a PM de Brasília impediu meu acampamento na Esplanada dos Ministérios.

"Não temos dotações para lhe oferecer abrigo", disse-me uma Assessora do Ministro da Justiça.


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