quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Editorial: Ego, maturidade e escolha das palavras

por Caipira Zé Do Mér dia 26 de setembro de 2011

Argumentação à frente dos egos, por gentileza {{Créditos da Foto: Pedro Galdino }}

Muitas vezes ao discutir alguns assuntos falta ao interlocutor {{no caso a pessoa com a qual resolvi discutir}} aquele trocinho estranho que a língua portuguesa insiste em chamar de “Argumentação”.

São muitos os casos e de variados caminhos, mas o destino é sempre o mesmo: na falta de argumentação consistente, tenta-se desconstruir aquele que argumenta.

Darei aqui alguns exemplos, mas como não quero focar nos interlocutores, mas na forma, {{praxis?!}} não direi de onde foi que tirei os próximos prints, muito embora alguns dos leitores possam identificar. Repito: a ideia não é tecer comentários acerca das pessoas mas da argumentação usada…

Generalização:

Justo?

Argumentar é possível?!

Interessante notar que os tweets são do mesmo dia. Aparentemente só vale generalizar quando quem generaliza sou eu.

A generalização é uma das maneiras mais fáceis de desconstrução do interlocutor. Posso exemplificar da seguinte forma:
O PT expulsou a Erundina.
Como a Erundina é bem vista para a esquerda, uma generalização fácil contra qualquer projeto petista seria: Esse projeto é daquele partido que acha que a Erundina não serve para ele?! Ah, deve ser bom. Pronto. Nada foi dito, mas é impossível refutar um argumento como esse. Simplesmente porque não é argumento, é uma generalização tão fácil e estúpida quanto: todo gay é pedófilo.

Ou, para que não restem dúvidas, no caso do print acima citado, é como dizer Não preciso argumentar contra Belo Monte, quem argumentou em favor é um lambe-botas. E durma-se com um barulho destes.

A generalização pode ser muito útil quando você fala com pessoas despreparadas ou que simplesmente concordam com você. Mas se o caso é discutir política, não fica bem. Dar a entender que quem discorda de você lambe-botas é como dizer que todo político é corrupto. Ou, nas palavras de Mauricio Stycer:
É um discurso infantil, apolítico, que rebaixa a discussão ao pior nível possível. Lamentável.

Outra forma bastante hábil {{a menos que você não use mais o objeto da foto}} de desconstrução do falante é aderir à sabedoria popular que diz que:
Os mais velhos são mais sábios
Claro, essa só serve se você for mais velho que a pessoa que argumentou melhor que você. Ela consiste no uso suave das palavras: jovem, garoto, menino, menina e, em alguns casos, estudante.

Funciona mais ou menos como no exemplo:

Ficou sem argumento? Não importa!

Não se engane. O que está por trás do uso dessas palavras é a velha lógica já destacada. É como seu pai / mãe dizendo Um dia você vai aprender porque não quer te explicar que filhos nascem mesmo é do sexo. Não fui claro? É uma lógica paternalista que parte do princípio de que não é possível ficar sem argumentos numa discussão com alguém mais novo, ainda que você fique.

O mais interessante é que, em geral, são as mesmas pessoas {{velhas, idosas, caquéticas, anti-diluvianas, retrógradas, amantes do passado}} que jogam nas costas dos meninos, meninas, jovens e garotos a responsabilidade de frases como:
O futuro da nação
Os jovens precisam ir às ruas
Ou seja, o futuro da nação não passa de massa de manobra, que deve ir a rua quando os velhos mandam, mas que não podem discutir no mesmo nível posto que não atingiram o grau correto de iluminação mental {{delírio?!}}.

Este blog não usará {{e pede para ser alertado caso assim faça}} deste tipo de retórica. O blog partirá sempre de três princípios:

  • O leitor é tão inteligente quanto o autor dos textos.
  • O autor e o leitor usam sempre de argumentos.
  • “Toda generalização é burra” {{inclusive esta}};

O resto é história para boi dormir. Em geral boi velho e cansado. Que não vê que já descobriram que o mundo é redondo.

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