sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Dilma rejeita empréstimo direto a fundo europeu: “Nem os europeus querem emprestar”


A presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar, nesta sexta-feira (4), que o governo do Brasil não vai fazer empréstimos diretos ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). O fundo é um dos mecanismos por meio dos quais os países europeus tentam combater a crise da dívida soberana que afeta o continente. Há algumas semanas, especula-se que a China poderia fazer um aporte direto ao FEEF, caminho que poderia ser seguido pelo Brasil e outros países emergentes para ajudar a Europa e evitar uma contaminação da economia mundial.

Dilma reforçou sua negativa a essa possibilidade ao responder a uma questão sobre o que a China faria. Segundo ela, o presidente chinês, Hu Jintao, afirmou a ela, em reunião bilateral e no encontro dos Brics, que prefere fazer a contribuição por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Eu também não tenho nenhuma intenção de fazer qualquer contribuição direta para o fundo europeu. Por que eu não tenho? Ora, se nem eles têm [a intenção] por que eu teria? Asseguro que podemos fazer um aporte para o FMI, como recentemente. O dinheiro brasileiro de reservas internacionais foi obtido com o suor do nosso povo, não pode ser usado de qualquer jeito. O FMI dá garantias e o empréstimo é totalmente seguro”

Em outubro, a ampliação da capacidade de empréstimo do FEEF de 280 bilhões de euros para 440 bilhões de euros provocou instabilidade política na Europa. Contrários ao resgate de economias como a da Grécia, população e parlamentares de diversos países protestaram contra novos empréstimos. A tensão foi tão grande que, na Eslováquia, último país a aprovar a ampliação do FEEF, o votação derrubou o governo da primeira-ministra Iveta Radicova.

Dilma também falou sobre a possibilidade de um imposto mundial sobre transações financeiras ser criado. A proposta está sendo debatida desde a crise de 2008 e vem gerando controvérsia. Segundo Dilma, alguns países da Europa, como a Alemanha de Angela Merkel, com quem ela se encontrou nesta manhã (foto), vem defendendo o imposto. Dilma mencionou que o Brasil já possui o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas não é contra uma taxa mundial. “Há países que são contra, porque fazem das finanças seu maior negócio. Nós vendemos uma porção de coisas, alimento, minério, petróleo, aviões”, disse.


Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

José Antonio Lima

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...