Por Paulo Moreira Leite
A descoberta de que Lula possui um tumor na laringe pode transformar-se num teste relevante sobre nossos costumes políticos.
A descoberta de que Lula possui um tumor na laringe pode transformar-se num teste relevante sobre nossos costumes políticos.
Lula encerrou o governo como o mais popular presidente de nossa história. Pesquisas do início de 2010 mostravam que ele já era visto no mesmo patamar das unanimidades nacionais, em companhia de ídolos populares da música e da TV.
Para o fim de 2011 e 2012, a maioria dos analistas enxerga um período menos exuberante do ponto de vista econômico. O crescimento deve ficar na faixa 3,5% em função da crise nos países desenvolvidos.
Em função disso, pode ocorrer o conhecido efeito nostalgia, capaz de jogar a popularidade de Lula para patamares ainda mais altos, próximos da santificação. A solidariedade natural de quem enfrenta uma doença sempre delicada também deve trabalhar na mesma direção.
Estes dois fatores devem ampliar o papel de Lula na definição dos rumos políticos do país.
Até o momento, mobilizados por interesses políticos, os adversários do ex-presidente praticaram um vale tudo sem fronteiras de nenhum tipo para explorar toda e qualquer possibilidade de atingí-lo.
O esporte predileto, nos últimos meses, era criar um ambiente de escandalo provinciano em torno das condecorações recebidas por universidades estrangeiras.
(Eu acho que o escândalo muito maior é Lula receber uma condecoração nas Sciences Pô de Paris e não ser chamado para uma homenagem equivalente na USP ou na Unicamp. Mas deixo essa observação como uma reflexão sobre os horizontes de trabalho de nossos meios acadêmicos).
Lula enfrenta uma doença com mais de 90% de chances de cura. Será instrutivo acompanhar o comportamento de seus adversários políticos daqui para a frente.
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