quinta-feira, 10 de novembro de 2011

“Está nas nossas mãos manter o investimento e o emprego”

Entrevista coletiva da presidenta Dilma Rousseff:


Presidenta: Vamos embora, gente? Vamos embora lá que eu vou botar minha flor aqui, ó.

Jornalista: Olha, a senhora ganhou uma flor.

Jornalista: Presidente, a senhora acompanhou o depoimento (incompreensível) da Câmara?

Jornalista: (incompreensível) essa crise com o Ministro do Trabalho?

Presidenta: Não tem crise com o ministro do Trabalho.

Jornalista: Mas a senhora acompanhou o depoimento dele?

Jornalista: Ele disse que ama a senhora, pediu desculpa… a senhora foi (incompreensível)

Presidenta: Ah, gente, vocês acreditam mesmo que eu vou responder assim? Vocês não acreditam, não é? Nessa altura do campeonato, me desculpa, isso… Vamos, vamos… Além disso, o que mais que a gente quer conversar?

Jornalista: Crise, crise, crise.

Jornalista: Isso é passado? Isso é passado. É página virada?

Jornalista: Presidenta, a senhora não fez uma defesa pública dele…

Presidenta: Sabe como é que é? Tinha um… era um… se eu não me engano, um líder gaúcho que eu não vou dizer qual, antigo, que dizia o seguinte: o passado simplesmente passou, gente. O passado passou.

Jornalista: É o momento de reduzir os juros então, Presidente, no país? Já que…

Presidenta: Olha, o momento é de manter a política que nós estamos tendo. Nós olhamos o cenário e vimos que tinha uma crise no horizonte, que era uma crise forte. Ela parece ser uma crise duradoura, porque, não estou falando só dessa agudização, que sobe e desce bolsa, não estou falando sobre isso. Estou falando que as perspectivas são de que haja, no caso da União Europeia, uma crise de mais médio prazo, como o ministro Guido falou. A presidenta do Fundo Monetário Internacional deu uma declaração, segundo está na imprensa internacional, na China, se eu não me engano, de que a possibilidade da Europa é de perder uma década de crescimento. Óbvio que isso vai afetar o nível de crescimento do mundo.

O Brasil tem todas as condições para enfrentar isso. Nós dependemos da nossa própria capacidade. Está nas nossas mãos manter o investimento, manter o emprego, continuar crescendo e, ao mesmo tempo, preservando as condições que distinguem o Brasil. Somos um país que temos uma dívida baixa, temos uma solidez fiscal reconhecida, temos de manter essa situação. Trata-se de manter, de um lado, as condições de solidez macroeconômica que nós temos e, de outro, dar prioridade para investimento, para todas as políticas de investimento em infraestrutura, tanto as políticas do setor privado de investimento na área industrial… Enfim, o país tem de se comportar de forma a perceber: nós hoje temos uma situação muito especial no cenário internacional.

Jornalista: (incompreensível)

Presidenta: Avançou, foi aprovada. A segunda parte da DRU foi aprovada e, obviamente, o governo percebe que é importantíssimo aprovar a DRU. A DRU é uma condição para isso que eu chamei de manter a nossa robustez fiscal. Não é dar ao governo liberdade de gasto; é dar ao governo margem de manobra diante de uma crise internacional que se avizinha. Não queremos gastar mais, ou menos. Não é por causa da DRU que você gasta mais, ou menos. O que você dá para o governo na hora da DRU, quando você faz a DRU – e, aliás, a DRU foi aprovada no governo Itamar, se eu não me engano, no governo Fernando Henrique Cardoso, no governo Lula. Estranhíssimo seria se, diante da crise, não se aprovasse a DRU. Há uma crise internacional. Não é o governo que inventou isso. Eu li na imprensa, aí, nas semanas passadas, ou duas semanas ou mais, que o governo estava inventando uma crise.

Jornalista: (incompreensível) reduzir os juros (incompreensível)

Presidenta: Eu acho que é absolutamente fantasmagórico achar que o governo inventou a crise da Europa. Nós, simplesmente, como a gente lê… nós gostamos de ler a imprensa, viu? Eu leio jornal. Eu leio Financial Times, El País e Le Monde e todos os jornais brasileiros. Agora, em todos os jornais estrangeiros, a crise está dada há mais tempo.

Jornalista: Reduzir os juros nesse momento, então, é um passo necessário?

Presidenta: Sabe, querida, eu acho que nessa questão dos juros, quanto menos se falar, melhor. Porque essa é uma questão afeta ao Banco Central. E eu, atualmente, quero que o Brasil preserve toda a estabilidade possível. Eu não sou a pessoa que deve responder sobre juros. Quem responde sobre juros no meu governo é o Ministro do Banco Central.

Jornalista: O PIB vai crescer (incompreensível)

Jornalista: A senhora acha que o PIB (incompreensível) que o Brasil (incompreensível) da crise?

Presidenta: Olha, eu acho que o Brasil vai ter um crescimento menos afetado desta vez do que teve de 2008 para 2009.Quando houve a crise de 2008 e 2009, apesar de todas as medidas que nós tomamos, nós conseguimos sustentar e diminuir a queda do PIB, que ia ser muito intensa. E foi… chegou a -0,9%. Agora, nós estamos achando que nós conseguimos manter o nosso patamar e dele. A partir de agora, no ano que vem, ir para um aumento maior. Eu não vou dizer para vocês e cravar uma taxa aqui. Porque eu não quero vocês chegando para mim e falando “ah, mas você disse que era vírgula 2, ou vírgula 5, ou vírgula 7, ou vírgula 8. E aí, se der qualquer diferença, eu vou começar a dar explicação para o porteiro. Não é? “Olha, porteiro, não deu certo”.

Jornalista: (incompreensível) é um bom número para esse ano?

Presidenta: Não sei, meu querido. Eu não falarei sobre isso. Tem certas coisas que eu agora tenho uma certa sabedoria. Você há de convir que a gente não é eleito Presidente sem ficar mais sábio.

Jornalista: 2012 vai ser melhor do que 2011?

Jornalista: Presidente, em 2012, o crescimento vai ser melhor do que em 2011? O crescimento de 2012 vai ser melhor que o de 2011?

Presidenta: É o que eu espero. É o que eu espero. Eu vou fazer o possível e o impossível para que o crescimento do Brasil seja cada vez maior. A minha visão sobre esse processo, em relação ao Brasil, é de otimismo. É uma visão de um país que tem força para crescer, para gerar emprego e para segurar seus investimentos. Porque a gente tem de ter clareza disso. Nós estamos em condições absolutamente diferentes. Nós temos uma economia crescendo, um mercado interno se ampliando, nós temos condição de diminuir – como fizemos aqui hoje – impostos que vão beneficiar mais de 5, quase 6 milhões de empresas, micro e pequenas. Enfim, nós temos elementos, inclusive, para fazer face à crise que ele não têm mais. Eu disse para vocês ali, na minha fala: a minha pauta é completamente diferente da pauta dos países desenvolvidos. Os países desenvolvidos discutem crise, dívida soberana e dívida de banco. Nós aqui discutimos investimento, redução de imposto, crescimento e como é que nós vamos, cada vez mais, ampliar o espaço do Brasil no mundo.

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