quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Estudantes de arquitetura da USP aderem à paralisação

Reunião realizada nesta quarta-feira teve cerca de 400 participantes. Outros cursos também realizam plenárias sobre adesão a movimento.

Alunos da USP reunidos em assembleia nesta
terça-feira (8) (Foto: Raphael Prado/G1)

Estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), reunidos em assembleia nesta quarta-feira (9), decidiram aderir à greve aprovada pelos alunos da USP na noite de terça-feira (8). A reunião contou com cerca de 400 alunos, de acordo com o Diretório Central de Estudantes (DCE). Assim, as aulas não terão frequentadores até nova assembleia geral - que está marcada para quinta-feira (10).

"Também temos a informação de que a faculdade de Relações Internacionais decidiu paralisar na quinta e na sexta, em apoio [ao movimento]", diz João Victor Pavesi de Oliveira, do DCE. Outras faculdades, até as 21h da quarta, ainda realizavam suas plenárias para decidir se apoiam a paralisação - é o caso da Escola de Comunicação e Artes, que oferece os cursos de jornalismo, publicidade, artes cênicas, música, entre outros.
Na noite de quarta, plenárias também estavam sendo realizadas nos cursos de História e Letras, que fazem parte da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), onde teve início a mobilização de estudantes. Cada curso tem autonomia para decidir como será sua participação na paralisação aprovada pela assembleia geral.

A Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), em assembleia realizada também na noite desta quarta-feira (9), decidiu apoiar os alunos no ato que acontecerá nesta quinta-feira (10), mas não aderiu à proposta de greve apresentada por um dos professores. Cerca de 80 docentes, segundo a Adusp, participaram da reunião realizada no Instituto de Matemática e Estatística da USP.

Os professores também aprovaram “envidar esforços políticos” junto à Assembleia Legislativa de São Paulo para anistiar estudantes, servidores e professores de processos administrativos e criminais abertos pela administração da universidade.

Questionada se a decisão dos professores de não aderirem à greve enfraqueceria a paralisação dos alunos, a presidente da Adusp, Heloísa Borsari, disse que é preciso "haver diálogo entre os alunos e, individualmente, entre os professores". "Estamos no final do ano letivo, período de provas, e todos precisam se entender", completou.

Na reunião desta quarta, a Adusp aprovou também o encaminhamento ao conselho gestor da USP um pedido de revogação do convênio da PM e a universidade e o envio de uma carta aberta ao governador Geraldo Alckmin repudiando a ação da Polícia Militar no campus.

A partir das 18h desta quinta, os estudantes que estão em greve desde quarta-feira decidem em assembleia, também prevista para acontecer no Largo de São Francisco, se mantêm a paralisação.

Após a prisão na madrugada de terça, os jovens, a maioria estudantes, foram levados ao 91º Distrito Policial, onde foram indiciados por dano ao patrimônio público e desobediência a ordem judicial.

Um mutirão organizado por movimentos sociais arrecadou R$ 39.240 para a fiança. Foi fixado R$ 545 para cada preso. Depois de efetuado o pagamento, a polícia liberou os estudantes entre o fim da noite e o início da madrugada de quarta.

A manifestação desta quinta também pedirá a saída da PM da universidade e a retirada de processos contra estudantes e servidores. Segundo os manifestantes, as ações judiciais foram movidas por perseguição política.


Assembleia

Na noite da terça, cerca de 2 mil alunos da USP indignados com a prisão dos colegas se reuniram em assembleia geral na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e decidiram pela greve.

Na reunião também foi decidido que não haveria novas ocupações ou acampamentos no campus. Também foi votado o apoio aos estudantes e servidores detidos na terça e a saída do reitor da universidade, João Grandino Rodas.


Ocupação

O estopim para a ocupação de 12 dias na USP começou no em 27 de outubro, quando a PM, em um patrulhamento pelo campus, deteve três alunos com maconha. Houve protesto e, no mesmo dia, os universitários ocuparam a sede administrativa da FFLCH.

Em 1º de novembro, durante assembleia, os estudantes decidiram desocupar o prédio da FFLCH, mas um grupo dissidente também fez uma votação e resolveu invadir o edifício da reitoria.

No dia 3, a Justiça autorizou a reintegração de posse do prédio da reitoria. Caso os estudantes não cumprissem a ordem, a juíza que concedeu a liminar em favor da USP autorizou, "como medida extrema”, o uso de força policial.

Representantes da reitoria, dos alunos e do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp) se reuniram para tentar chegar a um acordo, mas não houve avanços.

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