terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Militares e polícia federal ocupam TV do grupo Clarín na Argentina

CableVisión é acusada por uma concorrente de competição desleal

Um grupo de agentes militares e da Polícia Federal da Argentina iniciaram, na manhã desta terça-feira (20/12), uma operação nos escritórios da companhia de TV a cabo e internet CableVisión, do grupo Clarín. Segundo o jornal, mais de 50 agentes ocuparam o edifício, localizado no centro de Buenos Aires, e chegaram a revistar as bolsas dos empregados.

Os funcionários tiveram que esperar do lado de fora dos escritórios durante a inspeção, mas foram proibidos de deixar o local. Do lado de fora do edifício, eles protestavam contra a presença dos agentes: “Deixem-nos trabalhar, filho da...”, gritavam.

De acordo com a agência Télam, o procedimento está vinculado a uma ordem de ocupação emitida pela Justiça de Mendoza  A juíza Olga Pura de Arrabal determinou a intervenção na Cablevisión no âmbito de um processo aberto contra a empresa após denúncia de uma concorrente no mercado de TV a Cabo, a Supercanal SA.

“Houve denúncias relativas à competição desleal e atividades que prejudicam o livre direito dos outros canais de TVs a cabo”, disse Ricardo Marstonardi, assessor do interventor designado pela juíza. “Essa é uma medida judicial que tende à proteção dos direitos do consumidor”.

Sede da CableVisión, no centro de Buenos Aires; TV é acusada de conduta anticoncorrencial

Segundo ele, um contador público foi designado para co-administrar a empresa e para analisar, em um prazo de 60 dias, a documentação contábil, financeira, e publicitária exigida pela juíza. “Essa convivência ficou trunca como conseqüência da inconduta e da impossibilidade de iniciá-la. Um relatório completo será feito ao juiz e ele tomará as medidas para permitir o cumprimento da resolução”.

Um comunicado oficial da Cablevisión divulgado durante a ocupação afirma que o grupo denunciante, controlado pelos empresários Daniel Vila e José Luis Manzano é “aliado” do governo argentino e que a medida é um “fato sem precedentes que se inscreve dentro da sistemática campanha de intimidação que o governo nacional realiza contra as empresas do Grupo Clarín”.

A intervenção no grupo Cablevisión acontece menos de uma semana depois de a Câmara dos Deputados argentina aprovar um projeto de lei que acaba com o monopólio na produção e distribuição do papel-jornal do país. A proposta, que ainda precisa ser aprovada no Senado, é mais um capítulo da queda-de-braço entre a Casa Rosada e os principais grupos de mídia do país, que se opõe ferozmente ao governo de Cristina Kirchner. 

A Papel Prensa, empresa criada durante a ditadura militar que controla a produção da matéria-prima, é majoritariamente controlada pelos jornais Clarín e La Nación, o que prejudica a imprensa independente, segundo o governo. 


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