Por DiAfonso
A "Operação Cracolândia" nos deixa entrever o que de mais sórdido existe na alma de alguns políticos [se é que eles têm alma]: interesses eleitoreiros e econômicos. Isso é o que conta ao fim de tudo.
Por que o governo do PSDB - encastelado no Palácio dos Bandeirantes desde 1994 - resolveu, juntamente, com a prefeitura [comandada pelo tucano José Serra e por Kassab na primeira gestão e, depois, por Kassab] fazer esta operação?
Veiculou-se que Geraldo Alckmin, Gilberto Kassab e o comando da PM nada sabiam sobre a ação policial ocorrida na manhã da última terça-feira.
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Veiculou-se, também, que a investida [com planejamento de altíssimo nível - não sei o que significa isso...] estava programada para fevereiro.
Não se veiculou, entretanto, que a tomada de decisão de Alckmin e Kassab para "solucionar o problema da Cracolândia" estava dolosamente vinculada a evitar que o governo federal interviesse com determinadas ações e, assim, mostrasse a falta de vontade política dos governantes de São Paulo para cuidar da situação.
Não se veiculou, contudo, que há poderosos interesses imobiliários por trás do "desmonte" da Cracolândia. Kassab e os tucanos estão mais do que cientes disso.
Ademais, não basta intervir de forma sazonal e com fins eleitoreiros almejados por qualquer instância: governo estadual, municipal ou federal. As ações devem envolver diversas áreas e se constituir, de fato, como uma ação permanente no sentido de resgatar a dignidade dos viciados, recuperando-os e reintegrando-os à sociedade. [As imagens da "Operação Cracolândia" abaixo são do Portal R7]
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A cracolândia não é para os ingênuos
É uma pena que, quando enfim o Estado resolveu aparecer na cracolândia, a ação esteja visceralmente contaminada por interesses eleitoreiros e econômicos. Essa promiscuidade obnubila o fato de que, sim, era necessário tomar alguma providência para acabar com um dos símbolos mais impressionantes da patologia da sociedade paulistana – que se emociona com um cachorro que apanhou de sua dona, mas não tem a mesma consideração por pessoas destituídas de sua humanidade.
Hoje sabe-se que os governos estadual e municipal decidiram agir para acabar com a cracolândia porque o governo federal já planejava fazê-lo – e, claro, tudo isso está no contexto da eleição para a prefeitura de São Paulo. Drogas e viciados perambulando por aí são um tema central para eleitores normalmente conservadores como o paulistano. Atacar o problema, mesmo com truculência e precipitação, deve render votos preciosos. Ademais, um dos projetos mais significativos do prefeito Gilberto Kassab – e de seus simpatizantes do setor imobiliário – é reformar justamente a região onde fica a cracolândia. Visto dessa perspectiva, o problema é claramente de higienização social, para satisfazer eleitores e empreiteiros.
Nada disso, porém, deveria descaracterizar a urgência do problema, que é de saúde pública, de segurança e de direitos – os dos viciados e também os das pessoas comuns que não conseguem circular por uma parte de sua própria cidade. A politização da ação estatal na cracolândia, tanto por parte dos governantes quanto por parte de seus críticos, não ajuda a colocar o drama em sua justa dimensão.
No limite, mesmo atabalhoada, a Operação Cracolândia era necessária e inadiável, e seus resultados, ainda que parciais ou mesmo eventualmente violentos, deverão servir para balizar futuras ações – gerando um necessário contraponto ao discurso ingênuo segundo o qual o problema da cracolândia pode ser combatido com sopão noturno e compaixão cristã.
6 comentários:
Cumpadi,
E dizer que no estado que se diz vanguarda e locomotiva do país, o povo continua a eleger os demotucanos.
Só pode ser a atal Síndrome de Estocolmo.
Abs
Pois é, cumpadi!
É tá síndrome, mermo! Vá entender! rsrs
Abs!
Cumpadi, tem coisa pior. Bem pior. Do blog Brasil que Vai!:
"Dois homens baixos na cracolândia
A chamada cracolândia, lugar onde os miseráveis da cidade reúnem-se enquanto aguardam a morte, foi proscrita. Mal findo o ano, os soldados ordenaram que todos dispersassem, prenderam alguns e espalharam-se em destacamentos para que ninguém mais voltasse.
A iniciativa coincide com o início do calendário eleitoral, quando os partidos governantes na capital e no estado irão novamente às urnas para renovarem o mandato que lhes concedeu há 4 anos os paulistanos para que resolvessem a chaga da miséria crônica e do abandono que vitima parte da população a quem foi roubada a cidadania.
A fim de que não tivessem de assumir a desfaçatez de uma abordagem assim tão fácil e até inconstitucional do problema da desassistência, porque a todos é dado direito de ir e vir bem como do acesso aos serviços de saúde, prefeito e governador simularam desentendimentos para que a ação passasse por expedição punitiva contra a delinquência e o tráfico de drogas.
Mesmo sabendo que a iniciativa faria apenas deslocar a indigência por toda a metrópole, confiavam que aos olhos do cidadão incauto uma miséria pulverizada constituisse uma miséria de menor impacto eleitoral, capaz de dissimular a anomia das políticas sociais no estado mais rico da federação.
Porque a cracolândia traduz o fracasso a que se chegou na missão essencial de qualquer governo de assistir a todos sem distinção, é que se resolveu encobri-la com o pano fétido da força bruta e da negação.
A falsa solução da ocupação militar do centro da cidade de São Paulo não foi medida intempestiva ditada pela intenção do poder público de preservar a lei e a ordem. Vinha sendo ensaiada desde quando Andrea Matarazzo comandava com mão de ferro a Secretaria das Subprefeituras do Município e fez de Daniel Salatti a musculatura de seu braço covarde na violência perpetrada contra moradores de rua da zona central.
Daniel Salatti é um homem pequeno, atarracado, pele que descama e cujos olhos flamejam ódio e violência. Esconde-se detrás da identidade de ex-professor da Unesp (universidade do interior paulista) e de ex- diretor de meio ambiente da CESP, empresa de energia privatizada durante o governo Covas.
Pois foi a esse homem sádico que Matarazzo entregou o comando da política higienista que moveu contra os moradores de rua na zona central da cidade. Como coordenador da guarda municipal, Salatti comandava grupos de paramilitares mobilizados para desalojar moradores de rua sob pontes e viadutos.
As ações comandadas por Salatti envolviam o disparo de rojões nos locais em que sem-teto usavam como abrigo, seguido de agressões a golpes de cassetetes e soco-inglês. Acompanhava as “razzias” pessoalmente e apenas sob seu comando as agressões contra homens e mulheres, inclusive grávidas, eram cessadas. No dia seguinte caminhões de limpeza pública eram mobilizados para remover vestígios de sangue.
Salatti foi caixa de campanha de Covas na região de Americana, onde tem propriedades, e por ele foi nomeado na CESP para que comandasse o esquema de desapropriações das áreas que seriam inundadas pela barragem de ilha solteira. Lá conheceu Andrea, também ele caixa de Serra em São Paulo e indicado pelo ex-ministro de FHC presidente da mesma estatal, com a incumbência de prepará-la para a privatização.
Reunidos na prefeitura de São Paulo depois que Serra tornou-se prefeito, Andrea Matarazzo e Salatti somaram esforços para limpar o pedaço da cidade onde até hoje a família do conde falido parece ter propriedades ocupadas por moradores de rua, algumas delas recentemente calcinadas por incêndio de causas desconhecidas.
Agora Matarazzo quer ser prefeito da cidade. Confirmada a hipótese, os cidadãos paulistanos não teriam sorte melhor da que tiveram os romanos sob Nero."
http://brasilquevai.blogspot.com/2012/01/dois-homens-baixos-na-cracolandia.html
Assustador, né?
E depois que viram a cagada que fizeram, os governantes tiraram o deles da reta e disseram que a operação partiu por "iniciativa dos segundos escalões"...
Ah, tá!...
Excelente informação, cumadi Ivana!
xêru!
Cumpadi Carlos,
Interessante como o segundo escalão manda mais do que os titulares, não é?!?!
Cagaram de novo ao acusar os tais subordinados. rsrs
Abs!
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