O processo de escolha do candidato republicano que irá concorrer às eleições presidenciais em 6 de novembro começa oficialmente com o caucus no Estado de Iowa, realizado na terça-feira, 3 de janeiro.
Até agosto, quando o indicado do partido será anunciado formalmente em uma convenção na Flórida, os pré-candidatos republicanos irão se digladiar em uma série de primárias e caucus.
O presidente americano é até o momento o único nome entre os
democratas e a expectativa é de que seja confirmado como o candidato do
seu partido na disputa.
Em um sistema político dominado por duas siglas –
os partidos Democrata e Republicano -, a eleição presidencial nos
Estados Unidos é um processo longo e complexo. Veja as principais etapas
do caminho rumo à Casa Branca:
Como são escolhidos os candidatos que vão concorrer à Presidência?
Uma candidatura à Presidência dos Estados Unidos
começa mais de um ano antes da data da eleição, quando os políticos que
pretendem concorrer formam comitês para analisar suas chances na
disputa e arrecadar fundos para a campanha.
O segundo passo é declarar oficialmente sua
candidatura à indicação do partido para concorrer à Presidência. A
partir de então, os pré-candidatos democratas e republicanos (os dois
partidos que dominam a política americana) começam a fazer campanha nos
diferentes Estados, em uma disputa quase tão competitiva quanto a
própria corrida presidencial.
De janeiro a junho do ano eleitoral ocorre a
temporada de primárias e caucus dos dois partidos, nos quais os
eleitores de cada um dos 50 Estados americanos e alguns territórios
escolhem delegados partidários, que prometem apoiar determinado
pré-candidato.
São esses delegados eleitos durante a temporada
de prévias que irão participar da convenção nacional de cada partido,
realizada por volta de agosto ou setembro, na qual o candidato de cada
partido é oficialmente escolhido.
Qual a diferença entre caucus e primárias?
Os procedimentos nos caucus e primárias variam de acordo com o partido e também com a lei de cada Estado.
Nos caucus a escolha dos delegados é feita em
reuniões políticas realizadas em residências, escolas e outros prédios
públicos, nas quais os eleitores debatem sobre seus candidatos e temas
eleitorais.
No caso do caucus republicano de Iowa, após as
discussões é realizada uma votação para escolher o candidato e eleger os
delegados, que prometem apoiar aquele candidato nas convenções.
Os delegados eleitos no caucus participam de convenções nos condados,
nas quais são eleitos os delegados que irão às convenções estaduais
que, por fim, definem os delegados a serem enviados à convenção
nacional.
Nas primárias, a votação segue o formato
tradicional, no qual os eleitores votam em seu candidato por meio de
cédulas. O pré-candidato que vencer a primária ganha os delegados
daquele Estado, que irão apoiá-lo na convenção nacional.
As primárias podem ser de três tipos. Nas
fechadas, os eleitores só podem escolher o candidato do partido em que
forem registrados. Nas abertas, geralmente os eleitores podem votar em
apenas uma das primárias, mas independentemente do partido - ou seja, um
democrata pode votar na primária republicana. Há ainda casos de
primárias em que os eleitores podem votar nos candidatos dos dois
partidos.
Como é definido o calendário de prévias?
Historicamente, Iowa realiza o primeiro caucus e New Hampshire a primeira primária.
Críticos reclamam do fato de esses Estados serem
pequenos (3 milhões e 1,3 milhão de habitantes, respectivamente),
rurais e com população majoritariamente branca, pouco representativos da
população geral do país. Ambos, porém, defendem o lugar privilegiado no
calendário eleitoral e têm leis estaduais que determinam que suas
votações devem ocorrer antes das de outros Estados.
Geralmente, há uma briga entre os Estados para
realizar suas votações antes dos outros e, assim, receber maior atenção
dos candidatos, o que também ajuda a colocar em evidência questões
importantes para seus eleitores e aumenta as chances de que os problemas
locais ganhem mais atenção pelo futuro presidente.
Além disso, a economia dos Estados que abrem o
calendário eleitoral lucra com os recursos extras decorrentes das
propagandas eleitorais, das visitas frequentes dos candidatos e do
assédio da imprensa.
Para os candidatos, vencer um grande número de
prévias já no início do calendário eleitoral representa um estímulo à
campanha, e depois de muitas vitórias, as disputas nos últimos Estados
podem se tornar irrelevantes.
Diante dessa briga por influência, a cada ano
eleitoral novos Estados desafiam as regras de seus partidos e antecipam
suas prévias, fazendo com que outros Estados também realizem a votação
mais cedo, e alterando o calendário eleitoral.
Neste ano, o caucus de Iowa será realizado nesta
terça-feira, e a primária de New Hampshire no dia 10, cerca de um mês
antes do previsto inicialmente.
Qual a importância da super Terça-Feira?
A Super Terça-Feira é dia em que diversos
Estados realizam prévias simultâneas. O termo começou a ser usado na
década de 80, quando três Estados realizaram prévias simultâneas na
segunda terça-feira de março. Neste ano, está marcada para 6 de março e
ocorre em mais de 10 Estados.
A data é considerada crucial, já que um
candidato com bom desempenho nessas votações simultâneas pode assumir a
liderança da corrida e, em alguns casos, dependendo do número de
delegados conquistados, já garantir a indicação do partido antes mesmo
da convenção nacional.
O que são os Estados decisivos?
Os Estados chamados de "swing states" são aqueles em que nenhum dos
dois partidos possui uma maioria clara na preferência dos eleitores.
Portanto, esses Estados podem pender para um lado ou para o outro e
serem decisivos na eleição. Flórida, Ohio, Virgínia, Colorado e Nevada
são exemplos desses Estados.
Quem são os principais pré-candidatos?
Até então, do lado democrata, o presidente Barack Obama parece não ter adversários com chance de desafiar sua candidatura.
Entre os republicanos, os principais
pré-candidatos são Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts que já
tentou a candidatura em 2008, Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara dos
Representantes (deputados federais) que galgou posições nas pesquisas
de intenção de voto mais recentes, os congressitas Ron Paul e Michelle
Bachmann, o governador do Texas, Rick Perry, o ex-senador Rick Santorum e
o ex-governador de Utah Jon Huntsman.
Há candidatos de outros partidos além do Democrata e do Republicano?
Sim. Mais de 300 americanos já se inscreveram
para concorrer à presidência na eleição de 2012, tanto pelos dois
principais partidos quanto por agremiações menores ou mesmo como
independentes.
A Constituição determina que qualquer cidadão
americano nascido nos Estados Unidos que tenha no mínimo 35 anos de
idade e tenha vivido no país por pelo menos 14 anos pode concorrer à
Presidência. No entanto, esses candidatos não têm chances reais de
chegar à etapa final da disputa e terem seus nomes inscritos na cédula
de votação.
As regras para que um candidato que não seja o
indicado democrata ou republicano tenha seu nome na cédula variam em
cada Estado. Geralmente é exigida a apresentação de uma petição com um
número determinado de assinaturas de eleitores registrados, que pode
chegar a dezenas de milhares, dependendo do Estado.
Quando os candidatos oficiais são formalmene anunciados?
O anúncio oficial do candidato que vai concorrer
à Presidência por determinado partido é realizado na convenção
nacional, quando os delegados selecionados nas prévias votam no nome
escolhido pelos eleitores de seus Estados.
Nesse sistema, o pré-candidato que vencer o
maior número de prévias ganha a promessa de apoio do maior número de
delegados. O pré-candidato com o apoio do maior número de delegados na
convenção nacional ganha a nomeação do partido.
Na disputa republicana deste ano, os
pré-candidatos precisarão do apoio de 1.144 delegados (ou seja, metade
mais um do total de 2.286 delegados) para ganhar a indicação do partido.
Geralmente, quando a convenção nacional é realizada já se sabe quem
será o indicado do partido, e o evento funciona mais como uma
oportunidade de promover o nomeado e a agenda política do partido.
No entanto, também é possível que dois ou mais
pré-candidatos cheguem à convenção praticamente empatados, fazendo com
que a votação seja competitiva, e não apenas uma coroação do candidato
mais bem-sucedido.
Além dos delegados escolhidos nas prévias,
também participam das convenções nacionais os chamados "superdelegados".
Esses "superdelegados" não são definidos nas prévias e não tem
alinhamento definido com os pré-candidatos, e podem escolher seu
indicado na própria convenção.
A convenção nacional também costuma ser a
ocasião em que o indicado oficial do partido escolhe o vice de sua
chapa, muitas vezes entre os pré-candidatos derrotados.
Como é a votação final?
A reta final da eleição presidencial americana
começa após as convenções nacionais dos partidos, quando o candidato
democrata e o republicano reforçam o investimento em prograganda e
campanhas nos Estados e se enfrentam em debates.
A votação final é realizada sempre na
terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro, que neste ano cai
no dia 6. Tecnicamente, os americanos não participam de uma eleição
direta. Eles escolhem "eleitores" que se comprometem com determinado
candidato e formam um Colégio Eleitoral que vai eleger o presidente. O
número desses "eleitores" varia em cada Estado, de acordo com o tamanho
da população.
Geralmente o candidato vencedor do voto popular
leva todos os votos do colégio eleitoral daquele Estado, mesmo que a
vitória seja por uma margem pequena. Esse sistema permite que um
candidato chegue à Casa Branca sem necessariamente ter o maior número de
votos populares no âmbito nacional. Isso ocorreu em 2000, quando George
W. Bush venceu Al Grore.
Além de escolher o presidente, a eleição de 6 de
novembro também vai renovar a Câmara dos Representantes (deputados
federais) e um terço do Senado, além de eleger governadores em 11
Estados e dois territórios. O novo presidente americano, conforme a
Constituição, deve tomar posse no dia 20 de janeiro do ano seguinte à
eleição.
Alessandra Corrêa / BBC Brasil
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