segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

"Espaaaaaaaaaaaaaaaalma Marcos!"

Nem me lembro o motivo que escolhi um time de futebol para torcer.

Cresci ouvindo jogos pelo rádio.

Lá em casa tinha, além dos times do Paraná (eu era do coxa), corintianos, santistas e, eu, óbvio era palmeirense.

A imagem que se tinha dos atletas era daqueles álbuns de figurinhas. A noção que se tinha de uma disputa era a voz eloqüente de um locutor esportivo que trabalhava o imaginário, descrevia o lance e ajudava a formar em nós o gosto pelo desporto.

Nunca briguei e nem xinguei meus irmãos por torcerem por outras equipes. Aprendi a respeitar, ainda que as derrotas fossem sofridas, muitas vezes, me levassem às lagrimas.

Nunca entrei em um estádio. Morava no interior e hoje, com o nível de violência não se pode torcer, sem colocar em risco a vida. Assisti pela TV, acompanhei pelos jornais e, sem perder o costume, com o rádio colado no ouvido, às vitórias e derrotas de minha equipe.

O fato de residir numa capital não foi capaz de me entusiasmar para ir ao estádio, apenas minha torcida se mantém inabalável.

Nesses anos todos acompanhei passarem pela Sociedade Esportiva Palmeiras, atletas que foram ícones de suas épocas. Mas, nesse momento especial, posso afirmar que podem alguns haver tido mais títulos, mais jogos, mais talento até.

Nenhum, no entanto, teve o carisma de Marcos.

Longe de ser um ignorante, a simplicidade era a sua principal característica enquanto atleta de futebol. As suas explicações para vitórias, derrotas, grandes defesas e até para os “frangos” mostravam a transparência e a retidão do seu caráter.

Não gosto de heróis, prefiro exaltar o atleta enquanto pessoa humana com qualidade e defeitos.

Fico, pelo carisma da figura de Marcos, a imaginar na meta palmeirense um vazio.

Nem sei como o locutor de rádio irá, no momento de uma grande defesa do novo goleiro palmeirense, não sentir vontade de gritar: 'espaaaaaaaalma Marcos'.

O torcedor do Brasil não quer esquecer o goleiro do penta-campeonato mundial e o palmeirense e o corintiano (risos) das defesas em cobrança de penalidades máximas.

Mas qual a inexorável sentença da bola sobre a marca da cal, o relógio do tempo apitou o fim de mais uma história.

Boa sorte, Marcos. Escreve outras histórias que nos encantem. Aproveite a vida e o prazer da família.

Hilda Suzana Veiga Settineri

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