No Brasil, o verão que desmobiliza as instituições do Estado é
tradicional e historicamente a estação de caça aos pobres e aos seus
direitos
Alipio Freire
Domingo,
22 de janeiro de 2012: a Comunidade do Moinho recebe desde cedo
centenas de visitantes que se juntam aos moradores locais. Situada na
avenida Rio Branco (centro de São Paulo), entre duas linhas férreas, a
comunidade reúne cerca de 700 famílias.
Os que chegam são
militantes de grupos culturais de bairros populares e da periferia, de
diversas organizações de defesa dos direitos humanos e de outros temas
pertinentes a problemas do dia-a-dia dos mais pobres.
Trata-se de
um ato de solidariedade e protesto: há exato um mês (22.12.2011), um
incêndio destruiu 300 barracos – metade das habitações que ali existiam.
O incêndio do Moinho abriu a temporada das violências que se abateram
sobre as populações pobres do município e do estado de São Paulo.
Especialmente aquelas estabelecidas em áreas (urbanas ou rurais)
altamente valorizadas.
O incêndio criminoso (ver http://youtu.be/y8UEM2nrwGM e
outros cinco vídeos na sequência) abriu a temporada de crimes-de-verão
do prefeito Gilberto Kassab e do governador Geraldo Alckmin, contra os
pobres e os miseráveis paulistas. As tropas do senhor Alckmin, na
madrugada do mesmo domingo 22 de janeiro, desobedecendo à decisão da
Justiça Federal e a serviço do mais que “manjado” frequentador de
notícias policiais, o senhor Naji Nahas, invadiu e expulsou os moradores
da Comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos.
Entre um e
outro crime (Moinho e Pinheirinho), o superespetáculo contra a chamada
Cracolândia: a dor e o sofrimento como pedagogia. Enfim, é necessário
entregar rapidamente à Odebrecht aquela área. Em ano eleitoral, não
cumprir compromissos com as empreiteiras afeta os caixas- dois das
campanhas.
No Brasil, o verão – anunciado pelo consumo natalino e
concretizado com as férias e viagens que desmobilizam as instituições
do Estado, e todo tipo de organizações e movimentos de defesa dos
interesses dos trabalhadores e do povo – é tradicional e historicamente a
estação de caça aos pobres e aos seus direitos.
Lembram-se do Ato Institucional Número Cinco, decretado na noite de 13 de dezembro de 1968?
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