Eliakim Araújo
Se há alguma lei da qual os estadunidenses prescindem é a da
impugnação dos candidatos de ficha suja, porque eles mesmos, os
candidatos, se encarregam de divulgar publicamente as sujeiras do
adversário.
Mas se engana quem pensa que essa lavagem de roupa suja se dá entre
os candidatos de partidos adversários. Nada disso. O que o eleitor dos
EUA está testemunhando é uma batalha quase campal entre os
pré-candidatos republicanos, que aspiram à indicação do partido à
eleição presidencial.
Basta ver que há quatro ou cinco meses, quando começou a corrida
republicana, eram dez os pré-candidatos, todos conservadores, uns mais
outros menos radicais. Hoje são apenas quatro, dos quais dois lideram
com folga sobre os demais. Os seis outros foram pulando do barco à
medida que seus podres iam sendo divulgados pelos próprios
“companheiros” de partido.
O desgaste dos candidatos republicanos nesse interminável período
pré-eleitoral é evidente. As ofensas pessoais, que no início eram
divulgadas por baixo dos panos pelos assessores, agora são ditas cara a
cara pelos candidatos e nos anúncios de TV, numa absurda campanha de
mídia.
Na última semana, o circo republicano foi montado para as primárias
no Estado da Flórida. Um Estado que tem sido decisivo nas últimas
eleições, por ter o terceiro maior colégio eleitoral do país e por ter
um eleitorado instável, que ora vota democrata, ora republicano.
Sabendo disso, Mitt Romney e Newt Gingrich, os dois que lideram a
corrida neste momento, não pouparam munição. Os dois se acusam, nos
comerciais na TV, de possuírem fortunas adquiridas ilicitamente, e até
dão nome aos bois, isto é, como foram construídas. O negócio é tão sério
que até cabia uma investigação federal para apurar tais denúncias.
Gingrich, que há alguns dias foi acusado pela segunda esposa de
propor a ela um “casamento aberto”, depois de confessar que estava
apaixonado por outra mulher, que viria a ser sua terceira esposa, é
acusado por Romney de embolsar alguns milhões prestando serviços de
consultoria a empresas que regulam o mercado imobiliário, graças ao
prestígio da posição que tinha, como “speaker” (presidente) da Câmara
dos Deputados.
Romney, o milionário ex-governador de Massachussets, levou o troco.
Gingrich o acusa de multiplicar sua fortuna de maneira ilegal, com
negócios suspeitos no mercado financeiro, graças a contatos
privilegiados junto a banqueiros e ao pessoal de Wall Street.
Nesta terça, os eleitores republicanos da Flórida estão votando nas
primárias do Estado. As pesquisas indicam vantagem de 13 pontos
percentuais de Romney sobre Gingrich.
Mas é bom explicar, especialmente aos que não conhecem o sistema
eleitoral dos EUA, que essas primárias republicanas não decidem nada.
Servem apenas como avaliação dos pretendentes ao trono da Casa Branca.
Nelas só votam eleitores republicanos e mesmo assim o voto não é
obrigatório. O adversário de Obama pra valer será escolhido pela
Convenção Nacional do Partido Republicano que deverá acontecer depois do
meio do ano.
Depois do que leu aqui, você compraria um carro usado de um dos candidatos republicanos à presidência dos EUA?
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