Ouvem-se no rádio, na TV, nos jornais e internet alguns pronunciamentos que podem ser taxados como perigosos.
Existem algumas situações em que alguns segmentos chegam a propor medidas que são típicas de um golpe contra as instituições e a democracia.
“Regra não se muda com a bola rolando”. Isso já aconteceu e foi o estopim para vários acontecimentos que se sucederiam, cujo intuito, dissimulado, foi frear as reformas e os avanços sociais que estavam sendo implementados.
Curiosamente, existe certa prática das elites em apagar ou reduzir a importância de determinados fatos ocorridos, quando não for possível desvirtuar e apresentá-lo as novas gerações com outra roupagem.
Toda essa cortina de fumaça vai tornando a percepção de realidade um pouco menor, senão confusa e habilmente explorado para impor aos menos esclarecidos temor em relação a mudanças.
Foi assim com a tentativa de impedir a posse do vice-presidente João Goulart, lembram ou leram?
Quantas histórias se contaram e tantas verdades que ficaram trancadas nas gavetas e acabaram desconhecidas das novas gerações?
Era preciso que os dogmas e verdades oficiais prevalecessem.
A luta pela legalidade nada mais foi do que -apenas – exigir que cumprissem aquilo que a legislação brasileira assegurava.
Mas, se perguntar para muitos qual o significado desse clamor social pelo respeito ao resultado das urnas e das causas motivadoras, talvez um ou outro tenha ouvido falar.
O desfecho com a posse do vice-presidente ao cargo de comandante supremo da nação ocorreu pelo destemor e por haver lideranças que estavam dispostas a ir a luta, ao sacrifício extremo.
Não era vontade e nem será pedido que se bradem aos quatro cantos o nome deste ou daquele destemido que chamou a sociedade para a defesa das instituições e da legalidade. Interessa que esse legado não seja esquecido pelas novas gerações – simplesmente – por que foi minorizado em valor nos livros da história oficial.
Creio, que esses que se pronunciam favoravelmente a ressurgimento de instrumentos nocivos às liberdades e que podem ter nas propriedades corrosiva das falas o ácido que pode fazer sucumbir aos pilares do estado democrático de direito. São tão ou mais perversos quanto aqueles que no limiar da década de 1960 manipularam favoravelmente a instalação do estado de exceção.
É possível, sim.
Quando se tem fé e determinação podemos todos, se transformar em bastião da legalidade, ainda que ressoem uivos de hienas tentando fazer de seu fadário um escárnio as lutas e conquistas populares.
Hilda Suzana Veiga Settineri [editora do Terra Brasilis]
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