quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

'O Brado Retumbante' e as eleições para a prefeitura de São Paulo


Por DiAfonso

O Brado Retumbante, minissérie global que estreou no último dia 17, seria uma obra de ficção?

É a pergunta que todos andam fazendo. Eu diria - em função de uma leitura muito particular - que, em certo sentido, sim. Mas, se deitarmos um atento olhar para alguns coincidentes detalhes que vão surgindo ao longo da "trama ficcional", ele nos revelará, aos poucos, que a ficção cede lugar à maquiavélica construção de uma realidade que se pretende instaurar num futuro não muito distante.

A obra foi escrita por Euclydes Marinho que contou com a colaboração de Nelson Motta, Denise Bandeira e... Guilherme Fiuza.

Fiuza, como se sabe, é um notório articulista da oposição sem rumo que tenta, sem sucesso, retomar o poder e compartilhá-lo com uma elite pouco afeita ao papel de coadjuvante em uma sociedade que vem se construindo, desde o Governo Lula, a partir do principal personagem: o povo.

Se juntarmos - num caldeirão bruxo-midiático - a Rede Globo [emissora que veicula a minissérie] e, especialmente, o colaborador Fiuza, teremos uma "diabólica porção mágica" cujo intuito é intervir nos processos eleitorais que se avizinham: 2012 e 2014.

A trama, conduzida com intenções subliminares, almeja dar vida a personagens, por assim dizer, pouco "ficcionais", se os compararmos a algumas figuras da política brasileira contemporânea.

Quem não reconhece, por exemplo, Aécio Neve no papel de Paulo Ventura [Domingos Montagner]? Os instintos aecianos [ou pelo menos o que se divulga sobre a "insaciabilidade" do senador mineiro... ou será carioca?] estão lá presentes no presidente Paulo Ventura [a simples consulta a um dicionário, nos dará os sentidos possíveis para o sobrenome "Ventura"... Façamos um entrelaçamento entre o semântico e a realidade política atual e teremos algumas hipóteses interessantes].

A tênue barreira entre "ficção" e realidade política foi duramente tencionada no capítulo desta sexta-feira, dia 20. A temática posta em algumas cenas não deixa dúvidas de que ficção e realidade são a mesma coisa [!]. Ficou claro que a emissora, pelas mãos do autor e colaboradores [não nos esqueçamos do Guilherme Fiuza!], tem um propósito nada ficcional. Vejamos:

Antônia Ventura, professora de história e esposa do recém-empossado presidente, recebe do professor e amigo Guilherme um pen drive com informações confidenciais e importantes que podem gerar um escândalo no Ministério da Educação. O conteúdo do arquivo está relacionado à "qualidade histórica" dos livros didáticos adotados pelo Ministério... Alguma coincidência?

Três dados interessantes podem ser "eleitos" neste episódio:
  1. o primeiro é que Fernando Haddad - Ministro da Educação do Governo Lula e, também, do Governo Dilma - se viu bombardeado pelos veículos midiático-golpistas no caso do livro didático Por uma vida melhor;
  2. o segundo [e emblemático] é que Haddad é candidato do PT à prefeitura de São Paulo e foi escolhido por Lula. Será que o PSDB e os grupos midiáticos estão temerosos de que um novo "poste" comece a andar e dê luz ao final do pleito? Dilma está aí... Nunca é demais lembrar.
  3. o terceiro [e sintomático] é que o nome do personagem que desencadeia as denúncias contra o Ministro da Educação é o mesmo do colaborador: Guilherme ou "Gui" em algumas cenas e Guilherme Fiuza, respectivamente. Aqui, parece-me um deslavado cabotinismo e um explícito culto à personalidade.
Assim é que, a partir das denúncias de Guilherme [Chamado de "bonitão" pela mãe do presidente... Olha o culto à imagem do Fiuza... pelo próprio Fiuza?!?], o "fictício" Ministério da Educação entra na alça de mira. Não nos esqueçamos de que a mídia golpista, no mundo real, não deu sossego às ações levadas a cabo por Fernando Haddad, enquanto ministro da pasta.

Pode-se entrever algumas não "meras coincidências" ao longo do capítulo [O brado da primeira-dama].

Pode-se entrever, também, uma tentativa desesperada de um certo conluio midiático-partidário em decepar, no nascedouro, uma possível tomada de poder da prefeitura de São Paulo pelo PT.

Haddad, pela possibilidade de ser o "ungido" - assim como foi Dilma Rousseff -, está no olho do furacão midiático.

Acompanhe comentários nos vídeos postados aqui e aqui.

3 comentários:

Luiz Souza disse...

Não acredito que estou me dando o trabalho de postar aqui. Seu post é totalmente parcial, pode-se reconhecer um "fervoroso" cidadão petista. Cabe lembrar que desde o governo Lula escândalos de corrupção são recorrentes (mensalão, sanguessugas, ambulâncias, mensalinho, correios, irregularidades do PAC, turismo, esportes, máfia das ongs, Palocci, José Dirceu) sendo que muitos estão sendo investigados pelo Ministério Público Federal e julgados pelo STF. Junto a isso, aproveitando que o Ministro da Educação Fernando Haddad foi citado, aproveito para dizer que sim, há problemas com alguns livors didáticos (quero deixar claro que sou totalmente contra o que é pregado no livro "Por uma vida melhor", acho um absurdo o que estão fazendo com as crianças, convencê-las que "falar errado" também é "correto") fora o ENEM, onde, desde que passou a ser a forma de ingresso oficial em várias Universidades Federais, tem tido grandes problemas todos os anos e, ao invés de melhorarem o processo como um todo, ficam brigando com os candidatos na justiça. Acho que a mídia em todos esses casos não foi nem um pouco golpista, golpista sim foi o governo. Mas cabe a cada um analisar todos os lados e formar sua própria opinião.

Profdiafonso disse...

Caro Luiz Souza, boa tarde.

Este é o primeiro comentário a respeito do que escreveu. Como tenho compromisso agora, à tarde, só quando voltar é que voltarei a comentar.

De antemão, gostaria de dizer que quanto ao fato de você estar se "dando ao trabalho de postar aqui [no Terra Brasilis]", creio que é desproposital. Você posta se quiser e quando quiser [eu aprovarei se estiver dentro daquilo que o blog propõe como aprovação de comentários]. Agora, postar e ainda se questionar... Creio que seja uma questão pessoal e, se assim é, não tem porque está se lamentando.

Abs!

Profdiafonso disse...

Pois bem, caro Luiz Souza,

Você se equivocou quanto ao meu lado partidário. Não sou "'fervoroso' cidadão petista", apenas reconheço que o Governo Lula mudou a agenda política deste país [os dados estão aí]e começou a olhar para quem realmente precisa. Muito ainda há de se fazer neste Brasil carcomido pela corrupção desde tempos imemoriais.

A parcialidade que vc aponta em mim é verdadeira. Na verdade, estou defendo aquilo em que acredito [a mídia é que não deve ser parcial e muito menos golpista como tem sido, se é que me entende].

Já que você citou mensalão, que tal dar uma olhadinha no Eduardo Azeredo [ele é do PSDB e, segundo Procuradoria Geral da República, foi ele quem começou este tal de msnsalão]. Se há componentes do PT envolvidos, eles que se vejam com a lei. Não tenho nada a ver com isso, mesmo que fosse um "'fervoroso' cidadão petista".

No rol de "escândalos" [que estão sendo investigados, como vc bem falou] faltou a citação à "privataria tucana". Ou vc nunca ouviu falar? Há documentos oficiais provando o maior assalto aos cofres públicos feitos por tucanos.

Quanto a Haddad:

1. Livro didático: o livro a que vc se referiu não é indicado para crianças, mas para alunos do EJA. E não "ensina" a falar errado, mas parte de uma variante linguística não padrão para se chegar à padrão a depender do contexto de uso da língua. Já publiquei artigo sobre isso. Sugiro que pesquise sobre sociolinguística e variantes linguísticas e entenderá o que eu quero dizer.

2. ENEM: é o maior concurso para ingresso no curso superior do planeta [isso não é exagero. Confira os números] e é natural que problemas de logística existam [precisa melhorar, claro]. Vc diz que Haddad fica brigando com aluno na justiça. Equivocou-se. Há um edital, caro Luiz Souza, e a quase totalidade das reclamações são contra o que está estabelecido em edital e sabe que mais? Sou professor e percebo uma grita muito grande de alunos que não estudaram e desejam o ingresso por "osmose", por isso o barulho. Ademais, o que Haddad fez, a partir do governo Lula, foi socializar o ingresso no curso superior [ENEM, PROUNI, SISU] e isso é um passo importantíssimo para que o cidadão de menor condição se sinta realmente cidadão nesse setor.

Por último, o artigo que escrevi parte de uma leitura muito particular [eu deixo claro isso no texto].

Obrigado pelo comentário e estou aqui para o debate.

Grande abraço!

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