PF indicia 2 funcionários de colégio por vazamento de questões do Enem
Professor e funcionário vão responder por estelionato, segundo PF. Para polícia, vazamento ocorreu pela oportunidade e não foi premeditado.
A Polícia Federal de Brasília indiciou um professor e um funcionário que
aplicou a prova por estelionato pelo vazamento de 14 questões do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011. O inquérito foi concluído nesta
sexta-feira (13) e entregue ao Ministério Público Federal do Ceará. A
polícia não informou o nome dos indiciados nem o colégio, porém na época
do vazamento foi divulgado que o caso ocorreu no Colégio Christus, em
Fortaleza.
De acordo com a polícia, as duas pessoas indiciadas foram indicadas
para aplicar o pré-teste do Enem. A polícia descarta a hipótese de que a
reprodução das questões tenha sido premeditada, e sim, tenha ocorrido
por conta de uma oportunidade. Não se sabe ao certo como as perguntas
foram copiadas.
Ainda, segundo a polícia, as questões copiadas foram provenientes de
duas provas que seriam aplicadas a dois alunos que faltaram. Por causa
do vazamento, 1.139 alunos do colégio Christus tiveram as 14 questões
anuladas.
O advogado da escola e dos funcionários, Sérgio Rebouças informou que
os indiciados não têm qualquer envolvimento com o vazamento das
questões. "Existem várias possibilidades (das questões antecipadas terem
chegado ao banco de dados da escola), mas o colégio não se comprometeu
com nenhum delas. Um das possibilidades é em decorrência do pré-teste",
diz o advogado do Christus, Sérgio Rebouças.
Em nota, a escola informou que confia na honestidade e na lisura de
seus funcionários e aguardará uma posição equilibrada e isenta do
Ministério Público Federal, "de modo que, ao final, prevaleçam a verdade
e a justiça."
Um dos funcionários indiciados é professor da escola e foi apontado por
alunos como o distribuidor do material didático com questões
semelhantes às usadas no Enem. De acordo com um aluno da escola, antes
de entregar o material o professor afirmou "não repassem esse material
para ninguém, ele é muito valioso".
O Ministério da Educação diz que aguarda o relatório da PF para se pronunciar.
Entenda o caso
No dia 26 de outubro, alunos do colégio Christus confirmaram terem recebido um material em que continha questões idênticas ou parecidas com as que havia caído no Enem. Segundo a escola, as questões fariam parte de um banco de perguntas que o colégio recebe de professores, alunos e ex-alunos para promover simulados. O MEC constatou que a escola distribuiu os cadernos nas semanas anteriores ao exame, com questões iguais e uma similar às que caíram nas provas realizadas nos dias 22 e 23 de outubro e, no dia 26 daquele mês, cancelou as provas feitas pelos 639 alunos do colégio.
O Ministério chegou a decidir que os alunos do Christus refizessem o
Enem em 28 e 29 de novembro, dias nos quais o exame foi aplicado para
pessoas submetidas a penas privativas de liberdade e adolescentes sob
medidas socioeducativas.
O Ministério Público Federal do Ceará, porém, entrou com uma ação
judicial para anular o Enem 2011 para todo o país, ou pelo menos as
questões antecipadas. A Justiça Federal no Ceará optou por anular 13
questões para todos os mais de 4 milhões de estudantes que fizeram as
provas. O MEC recorreu da decisão no Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, no Recife.
O desembargador do TRF-5, Paulo Roberto de Oliveira Lima, aceitou os
argumentos do MEC. A decisão em segunda instância determinou a anulação
de 14 questões apenas para os alunos do Colégio Christus.
No dia 16 de novembro, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5)
decidiu manter a decisão de anular as 14 questões da prova do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) para 639 alunos do 3° ano do Ensino
Médio do colégio Christus, negando o recurso protocolado pelo Ministério
Público Federal do Ceará. Posteriormente, outros 500 alunos do cursinho
ligado ao colégio tiveram as 14 questões anuladas.
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