S. José dos Campos é uma das cidades mais prósperas do interior paulista. É o maior centro tecnológico aero-espacial do Brasil. Algumas das empresas instaladas na cidade: Panasonic, Johnson & Johnson, General Motors, Petrobras, Ericsson, Monsanto, Mectron, Embraer (sede), entre outras. Possui importantes centros de ensino e pesquisas como: o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, o Instituto de Controle do Espaço Aéreo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Instituto de Estudos Avançados, o Instituto de Aeronáutica e Espaço, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o Instituto de Fomento Industrial, Centro de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos, o Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento.
O perfil do eleitor de S. José dos Campos, como em boa parte do
interior paulista, é conservador. Portanto vota nos candidatos do
PSDB/DEM. Pois bem. Geraldo Alckmin iniciou sua “carreira” ali, no Vale
do Paraíba. Boa parte do seu rabo político está presa naquela região.
Até bem pouco tempo, Pinheirinho não era uma área de grande valor.
Aguardava decisão da justiça para ser vendido e sua receita ressarcir as
empresas credoras da Selecta (Naji Nahas). Logicamente, como todo
capitalista e neste caso, o mais infame, o especulador que não produz
nada, não gera empregos e apenas joga seus dados na Bolsa de Valores,
Nahas deixou de pagar os impostos do terreno, já que, juridicamente, não
lhe pertenceria mais. As dívidas do IPTU se acumularam e hoje atingem a
casa dos 15 milhões. Mas, sabe como é, né? Prefeito da mesma famiglia tucana que é da mesma famiglia das empresas credoras, que são da mesma famiglia
dos advogados, dos juízes… a dívida engordava na lentidão da justiça
contra a Selecta para chegar ao epílogo. E sabemos, assim como até uma
portas sabe, que naquele típico emaranhado de engrenagens jurídicas que
envolvem a espécie “colarinho branco”, engavetam-se seus processos e
suas dívidas entra prefeito sai prefeito. Ad infinitum. Por isso o bairro de Pinheirinho tem 8 anos de idade.
Até 2004, o terreno de Pinheirinho produzia grama e era habitado por
diversas famílias de… formigas. Como é natural dessa espécie de área
urbana largada às moscas, foi sendo invadido por gente pobre,
mão-de-obra em S. José dos Campos e região. Pedreiros, eletricistas,
carpinteiros, metalúrgicos, operários, diaristas – além, é claro, dos
sem-teto e desempregados (que certamente são minoria nos dias de hoje).
Embora tecnicamente ilegal, como a quase totalidade das favelas Brasil a
fora, a invasão de Pinheirinho não incomodou ninguém nos últimos anos.
Pelo contrário, até favorecia as empresas da região por manter parte de
seus empregados próximos aos seus locais de trabalho.
Aos poucos, Pinheirinho foi se transformando em bairro. Embalados
pelo crescimento econômico dos últimos anos, seus habitantes foram
construindo suas casas de alvenaria em mutirões suados e se integraram à
comunidade de seu entorno. Como qualquer grupo humano que ascende
socialmente, foram ampliando suas famílias e seus sonhos. Mobiliaram
suas casas, adquiriram eletrodomésticos básicos, seus filhos foram
matriculados nas escolas públicas da região, passaram a frequentar a
igreja local, pequenos comércios iam se instalando e a essa altura já
tinham até sua própria rádio comunitária. Seriam um exemplo: um povo que
transformou uma área vazia num bairro habitado por trabalhadores que
alcançaram a cidadania por seu próprio esforço e determinação. O Minha
Casa, Minha Vida só daria o toque final…
Por outro lado, o Governo Federal reconhecia em Pinheirinho o mesmo
problema de milhares de favelas em todo o território nacional. Desde 2004,
vinha buscando dialogo com a prefeitura de S. José os Campos para
legalizar a área ou viabilizar outra alternativa para os 6 mil
habitantes da favela. Mas não é de hoje que a arrogância dos chefes
paulistas é empecilho para os governos petistas. Ainda mais no interior,
ensebado que é de um conservadorismo arcaico. Abrem a porta só para
recolher verbas federais em parcerias como o metrô e conjuntos
habitacionais. Em seguida, apagam o Governo Federal das placas das
obras. Assim, raramente o paulista fica sabendo dos investimentos
federais no estado. O prefeito de S. José dos Campos, assim como muitos
do PSDB tem visão higienista em relação aos pobres. Se recusou a
cadastrar as famílias de Pinheirinho que já estariam com um pé no Minha
Casa, Minha Vida e a área a um passo de ser urbanizada. Sabia que o
plano de Alckmin era expulsá-las definitivamente da cidade.
Mas, por que a urgência, a selvageria e o atropelo em esvaziar
Pinheirinho antes mesmo de providenciar o mínimo de estrutura para
acomodar o povo de lá? Um dos motivos da pressa era a necessidade de
“liberar” a área antes do fim do recesso parlamentar. Alckmin não queria
amolação de deputado esbravejando. Já bastavam os entraves causados na
guerra de liminares que precedeu o ataque. Na sexta-feira, 20 de janeiro
de 2012, o destino de Pinheirinho já estava traçado. A reintegração de
posse seria na porrada. Mesmo que resultasse em “acidentes de percurso”
como a morte de alguns habitantes. Outro motivo pode ter sido o fato de
que S. José dos Campos fôra indicada pela Secretaria de Turismo do
Estado de São Paulo como uma das cidades-sede
das seleções que disputarão a Copa do Mundo. E essa “indicação” estaria
amarrada a grupos investidores também amarrados ao rabo político de
Alckmin. Por isso a área supervalorizou em menos de dois anos.
Certamente o governador vinha sendo pressionado pelos investidores para
“resolver o problema humano” de Pinheirinho. Assim, de um dia para outro
a área tornou-se “invadida por vândalos, traficantes, bandidos – a
escória da humanidade”, segundo o PiG. Em alguma gaveta da TurSP, devem
estar guardadas as plantas e estudos para a construção de toda a
infra-estrutura que receberá os times da Copa: hotéis 5 estrelas,
centros de treinamento, restaurantes, shopping-center etc.
Domingo, 22 de janeiro, as famílias de Pinheirinho dormiam
tranquilas. Sonhavam seus filhos crescidos, sonhavam outros filhos por
nascer num mundo melhor, sonhavam dignidade. E como é de costume aos
domingos, vestiriam suas melhores roupas. Haveria um churrasco na casa
de fulano, uma festa de aniversário na casa de sicrano, o almoço de
família na casa de beltrano. Um casal de adolescentes iria descobrir o
primeiro beijo e as crianças iriam sujar suas roupas jogando futebol na
rua a ser asfaltada em breve…
2 comentários:
Rico, Xenófobo, conservador, e governado por um fascista cristão.
Triste constato, São Paulo é o Texas do Brasil.
Nossa! Arrasô, cumpadi. Cê tá sabendo mais daqui do que os paulistas!
Cumadi,
quem meteu mola pra cima do tucanato foi o cumpadi Roni. O mérito é todo dele... eu só fiz reblogar com muita "sastifação".
Bjs
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