Reinaldo Azevedo: a encarnação do jornalismo de esgoto |
Peço desculpas por conspurcar este espaço novamente com o que virá a seguir, mas não poderia deixar passar a exibição de desonestidade intelectual e de mau jornalismo que o blogueiro da revista Veja Reinaldo Azevedo protagonizou em matéria que pretendia “desmascarar” os que relatam os horrores ocorridos no Pinheirinho.
Na última quinta-feira, o portal Terra relatou
que ONGs que atuam por lá haviam divulgado nomes de pessoas que,
segundo as suas famílias, estavam desaparecidas. Nem na matéria do Terra
nem nas outras que dela decorreram – inclusive na que este blog publicou
– houve qualquer afirmação de que os desaparecidos estariam mortos.
Todavia, devido ao fato de que alguns veículos da dita “grande
imprensa” não buscam informar seu público, mas manipulá-lo, o tal
blogueiro da Veja acaba de fornecer uma das provas mais contundentes do
tipo de “jornalismo” que seu empregador pratica e que ele mesmo adota
por razões óbvias.
Se você, leitor, for a uma escola do ensino fundamental e perguntar a
uma criança de dez anos qual é a diferença entre “desaparecido” e
“morto”, ela saberá explicar. Provavelmente, esse blogueiro não deve ter
frequentado o ensino fundamental e tampouco deve haver dicionários na
Veja.
Essa pessoa que teve denúncia de desaparecimento feita por parentes
se chama Gilmara. Durante a última sexta-feira, até por conta do
noticiário, ela acabou sendo localizada.
O blogueiro da Veja, então, ligou para Gilmara e fez o que chamou de
“entrevista” visando contestar um dos desaparecimentos. A
“entrevistada”, no áudio que esse blogueiro divulgou, além de tudo
revela que a informação sobre seu desaparecimento foi dada por sua
família, o que mostra que ninguém inventou nada.
Nem vamos tratar do fato de que ainda podem surgir outras listas de
desaparecidos além dos que ainda não foram encontrados – até a
sexta-feira, ainda havia pelo menos dois. Isso sem falar que o IML, após
quase uma semana, ainda não liberou a lista dos mortos que deram
entrada de domingo passado para cá, conforme informação do advogado das
famílias.
No áudio em que aparece conversando com a mulher, o tal Azevedo
pergunta se havia alguma taxa cobrada por sindicalistas e militantes de
partidos e a “entrevistada” diz que contribuía com “dez reais por mês”,
sim, mas que era uma contribuição espontânea, contrariando ilações sobre
partidos e sindicalistas extorquirem aquela população.
Fica, assim, um desafio ao blogueiro da Veja: que ele diga,
exatamente, onde foi que viu a afirmação de que a senhora Gilmara
estaria morta, porque não consegui achar tal afirmação em outra parte
que não na página desse mesmo blogueiro. Aliás, essa deve ser a razão
pela qual a sua matéria não dá nomes aos bois, como sempre faço aqui.
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