Caso chocou comunidade católica de Bogotá; um dos sacerdotes tinha sífilis e HIV
Ao longo dos últimos 27 anos, foram assassinados 74 sacerdotes na
Colômbia. Mas a história dos padres Rafael Reátiga Rojas e Richard
Piffano é um pouco diferente. Os corpos dos dois abades foram
encontrados no dia 26 de janeiro de 2011 em um carro no bairro
Dindalito, em Bogotá. Piffano tinha dois ferimentos de bala na parte de
trás da cabeça. Reátiga, um tiro no peito e um rosário na mão direita.
A morte dos dois padres, muito queridos pelas comunidades do bairro
Kennedy e do município de Soacha, foi uma notícia que impactou todo o
país. Para a Igreja Católica tratava-se de “um enigma, uma dor muito
grande".
Mas um ano depois, o país ficou ainda mais chocado quando a promotora
do caso, Ana Patricia Larrota, expôs o resultado de sua investigação:
“os padres Rafael Riatiga e Richard Armando Pifano [na foto ao lado respectivamente à esquerda e à direita] haviam pago pela própria morte o equivalente a 15 milhões de pesos (8.500 dólares)”.
A surpresa aumentou quando a promotora explicou que o padre Rafael
sofria de AIDS e sífilis e que o dono de um bar gay da região de
Chapinero, em Bogotá, o havia reconhecido como um cliente habitual.
Depois, Patricia Larrota passou a reconstruir os detalhes dos últimos
dias dos dois padres, revelados através de interceptações e inquéritos
feitos com varias pessoas vinculadas ou próximas dos religiosos.
Na semana anterior à morte, eles aparentemente dirigiram até o Cañón de
Chicamocha para se suicidarem: “sem dúvida, não puderam fazê-lo por
conta das cercas de proteção”, afirmou a promotora.
Segundo a promotoria, ao voltarem para Bogotá, se aproximaram de um
grupo de jovens pertencentes a uma gangue: “no dia de 26 de janeiro (dia
do assassinato) os padres se comunicaram em várias oportunidades com os
pistoleiros e engendraram todo o plano. A hora e o lugar do encontro
fatal".
Nos últimos dias de vida, o padre Rafael se disse doente e em várias ocasiões pediu aos fiéis que rezassem muito por ele.
Sustentando a tese da promotoria, um dos três pistoleiros revelou que
os religiosos “mostraram seus desejos de morrer" diversas vezes. Os três
assassinos foram capturados graças à recuperação dos números discados
pelos dois sacerdotes.
Como última prova, as duas secretárias dos abades contaram que eles
pediram substitutos para o dia do homicídio, porque não poderiam
conduzir a missa. Nos dias anteriores, Reátiga passou todas as suas
propriedades para o nome de sua mãe e Piffano sacou seis milhões de
pesos, todas as suas economias, e doou-as para a Associação de Padres de
Família do Colégio San Juan de La Cruz de Kennedy.
A investigação não pôde comprovar se os dois foram amantes e dedicou-se
somente a descobrir um suposto pacto de sangue, sobre o qual não
existem mais detalhes. Mas a promotoria conseguiu o testemunho de Fabio
Jaramillo, que foi objeto de perseguição sexual por parte do padre
Rafael Reátiga em anos anteriores.
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