terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O penetra indigesto na festa do PT

Não gostei da festa dos 32 anos do PT, em Brasília. Senti falta de juventude, vibração. Aquela alegria das antigas.Tô ficando velho? Estamos ficando velhos? Cadê os jovens petistas e suas cores? Festa cinzenta aquela. E os discursos então? Marco Maia até que tentou vibrar, na marra, no grito. Não convenceu nem contagiou. Rui Falcão parecia um zumbi anestesiado. Dilma previsível, visivelmente cansada, burocrática. Definitivamente, discursos inflamados não são o seu forte. Aliás, só teve discurso-sedativo, sem novidades: tiramos 28 milhões da miséria! Fazem dois anos que repetimos a mesma coisa. 28 milhões, primeiro operário presidente, primeira mulher presidenta… Ótimo! Parabéns pra nós, pro PT… Mas quais são as novidades? Qual é o plano? Alguma idéia nova que não fique mofando ao lado do marco regulatório da mídia? Será que só a economia interessa? Precisamos politizar o diálogo com o povo brasileiro.

A ausência do Lula foi monumental. Nunca o PT esteve tão desfigurado!

Pra piorar tudo, apareceu o Kassab. Convidado ou penetra? Tá de brincadeira? Estão nos testando? Talvez estejam sim, talvez estejam medindo o tamanho da rejeição da militância. Não sei se era o som ruim, a minha conexão ou falta de entusiasmo geral, mas nem a vaia que Kassab recebeu foi convincente: tão fraquinha e despretensiosa que acho que ele saiu de lá acreditando que pode superar nossa rejeição. Vai sonhando, vai! É mais fácil água e óleo se mesclarem que ele ser aceito. Além disso, ele também despreza o PT e os petistas. Mas, ossos do ofício, pensa que tem que nos engolir pra subir na vida. Que pretensão a dele! Costela de Serra, seu destino é perder.

Kassab tem o mesmo DNA do criador: aposta que o tempo apaga seus erros, que a memória é curta etc. Aliás todos eles pensam da mesma forma. Alckmin, Serra, Kassab… Como se não existissem milhares de vídeos no Youtube registrando as enchentes, a higienização, a barbárie de seus ataques à população, a bolinha de papel que venceu a Globo

O plano do prefeito paulistano é óbvio até para uma criança. Juntou uma gangue de mercenários como ele próprio ao redor de uma sigla que não é partido, nem é social, muito menos democrático. Pretende disputar o governo de SP em 2014. Por isso se oferece como uma prostituta ao PT e ao PSDB. É uma jogada rasa, de um sujeito que foi alçado por Serra no improviso de 2006 e tornou-se um clone mal acabado do seu criador. Pensa que tem “carreira” política pela frente.

Sei não… Lula, mais do que ninguém, conhece a militância do PT. Sabe que jamais vamos engolir o Kassab. Mesmo que uma chapa com o PSD signifique ganhar a prefeitura de São Paulo. Os “meios que justificam os fins” tem limites. Kassab é um deles.

Teoricamente, quando deixa de ser presidente e pode, assim, observar a cena política com mais clareza, sem o peso e a pressão do cargo, é de se esperar que um político que tem 40 anos de estrada, ainda mais com a biografia que carrega, desenvolva mais esperteza e construa melhores estratégias. Então o que acontece na cabeça de Lula? Talvez tenha jogado verde ao não dizer não ao Kassab. Talvez não se trate de quem vai ficar com Kassab, mas de quem vai conseguir NÃO ficar com ele! Talvez a ausência de Lula na festa do PT não tenha sido ordem médica… O PiG e a oposição adorariam registrar Lula e Kassab lado a lado, cúmplices do projeto prefeitura de São Paulo, em plena comemoração dos 32 anos do PT. Diriam que o PT faz qualquer negócio pelo poder, etc etc. Lula não deu este gostinho a eles…

Além disso, convenhamos: Haddad é um baita de um candidato. Além de carismático tem o Enem e o PróUni e seus números fantásticos pra mostrar – mesmo que o PiG tente avacalhar ano após ano. A educação é uma bandeira que seduz mais que qualquer outra. Sem contar que o ex-ministro da educação tem o maior cabo eleitoral do planeta. Quem precisa de um vice pinçado da tropa do Kassab?

Uma coisa é certa em tudo isso: essa questão vai ficar pairando no ar até o prazo limite. As pesquisas vão determinar o destino de Kassab. Quanto ao PT, espera-se que o limite seja assinar um tratado de não agressão. O que exigiria um contorcionismo gigantesco por parte de seu marketing.

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