sábado, 4 de fevereiro de 2012

Rússia e China vetam resolução sobre Síria no Conselho de Segurança

Veto causou revolta entre os países que apoiavam as medidas

O projeto de resolução que buscava uma solução para a crise síria foi vetado neste sábado (04/02) por Rússia e China no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Os dois países mostraram-se contrários ao plano apresentado e usaram seu poder de veto como membros permanentes causando revolta entre os países que apoiavam as medidas.

Projeto foi discutido na reunião do Conselho neste sábado (04) [Efe]

“Os Estados Unidos estão enojados. Este Conselho foi refém de dois membros durante vários meses. Essa intransigência é mais vergonhosa quando se considera que um dos membros desse órgão fornece armas a esse país”, denunciou Susan Rice, embaixadora americana na ONU, em referência à Rússia.

Pouco antes da reunião dos membros do Conselho, os russos já haviam deixado claro que não aceitariam uma resolução que condenasse apenas a violência por parte do governo do presidente Bashar al Assad.

“A proposta de resolução condena a violência do Exército sírio, mas deve condenar também a violência exercida pelos militares rebeldes”, afirmou Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia.

Segundo eles, os rebeldes estariam recorrendo à violência contra civis e edifícios do governo e, dessa forma, suas ações também deveriam ser julgadas pelo Conselho de Segurança. Lavrov negou, no entanto, que estivesse apoiando o governo de Assad, que está sob protestos desde março do ano passado. “Não somos amigos nem aliados de Assad. Nós apoiamos a chamada por mudança do povo sírio”, concluiu o ministro.

A resolução discutida no Conselho de Segurança tinha o apoio da Liga Árabe e era apoiado pela França, Reino Unido e EUA – membros permanentes – e também pela Alemanha, Colômbia, Portugal e Togo – membros rotativos.

“É um escândalo”, afirmou Peter Wittig, embaixador alemão na ONU, sobre o veto de Rússia e China. “Este Conselho deve pedir ao presidente da Síria, Bashar al Assad, que ponha fim à violência e à sistemática violação dos direitos humanos de maneira imediata”, concluiu.

Mais calmo que os colegas do Conselho, o embaixador da França na ONU, Gérard Araud, afirmou que o país seguirá trabalhando com a Liga Árabe para o plano seja aprovado pela ONU. Além disso, Araud não descartou novas sanções da União Europeia contra o país e acusou Rússia e China de serem cúmplices da “política de repressão do regime sírio”.

Acusação da oposição

Pouco antes da reunião que aprovaria ou não o projeto de resolução, o CNS (Conselho Nacional Sírio), principal representação da oposição na Síria, acusou o governo de promover um bombardeio contra a cidade de Homs, causando a morte de 260 pessoas, em sua maioria civis.

De acordo com as acusações, divulgadas pela Agência Efe, o governo bombardeou “casas habitadas de maneira intensa e indiscriminada”. Além disso, o grupo de oposição afirmou que forças leais à Assad impediram a chegada de ambulâncias no local.

No entanto, a agência oficial síria, Sana, afirmou que as acusações da oposição são falsas e visavam apenas a influenciar a decisão do Conselho de Segurança da ONU a respeito de uma resolução contra o país.

Por conta da repressão e restrição imposta pelo governo de Assad, a imprensa internacional está impedida de confirmar os ataques e o consequente número de mortos. Os manifestantes exigem a saída de Assad do poder, mas o governo diz que está lidando com terroristas.

Em seu último balanço, a ONU afirmou que pelo menos 5 mil pessoas morreram desde o início dos conflitos, em março do ano passado. A Organização, entretanto, disse que já não podia mais contabilizar os mortos por conta da dificuldade em apurar as informações no país.


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