Veto causou revolta entre os países que apoiavam as medidas
O projeto de resolução que buscava uma solução para a crise síria foi
vetado neste sábado (04/02) por Rússia e China no Conselho de Segurança
da ONU (Organização das Nações Unidas). Os dois países mostraram-se
contrários ao plano apresentado e usaram seu poder de veto como membros
permanentes causando revolta entre os países que apoiavam as medidas.
Projeto foi discutido na reunião do Conselho neste sábado (04) [Efe] |
“Os Estados Unidos estão enojados. Este Conselho foi refém de dois
membros durante vários meses. Essa intransigência é mais vergonhosa
quando se considera que um dos membros desse órgão fornece armas a esse
país”, denunciou Susan Rice, embaixadora americana na ONU, em referência
à Rússia.
Pouco antes da reunião dos membros do Conselho, os russos já haviam
deixado claro que não aceitariam uma resolução que condenasse apenas a
violência por parte do governo do presidente Bashar al Assad.
“A proposta de resolução condena a violência do Exército sírio, mas
deve condenar também a violência exercida pelos militares rebeldes”,
afirmou Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia.
Segundo eles, os rebeldes estariam recorrendo à violência contra civis e
edifícios do governo e, dessa forma, suas ações também deveriam ser
julgadas pelo Conselho de Segurança. Lavrov negou, no entanto, que
estivesse apoiando o governo de Assad, que está sob protestos desde
março do ano passado. “Não somos amigos nem aliados de Assad. Nós
apoiamos a chamada por mudança do povo sírio”, concluiu o ministro.
A resolução discutida no Conselho de Segurança tinha o apoio da Liga
Árabe e era apoiado pela França, Reino Unido e EUA – membros permanentes
– e também pela Alemanha, Colômbia, Portugal e Togo – membros
rotativos.
“É um escândalo”, afirmou Peter Wittig, embaixador alemão na ONU, sobre
o veto de Rússia e China. “Este Conselho deve pedir ao presidente da
Síria, Bashar al Assad, que ponha fim à violência e à sistemática
violação dos direitos humanos de maneira imediata”, concluiu.
Mais calmo que os colegas do Conselho, o embaixador da França na ONU,
Gérard Araud, afirmou que o país seguirá trabalhando com a Liga Árabe
para o plano seja aprovado pela ONU. Além disso, Araud não descartou
novas sanções da União Europeia contra o país e acusou Rússia e China de
serem cúmplices da “política de repressão do regime sírio”.
Acusação da oposição
Pouco antes da reunião que aprovaria ou não o projeto de resolução, o
CNS (Conselho Nacional Sírio), principal representação da oposição na
Síria, acusou o governo de promover um bombardeio contra a cidade de
Homs, causando a morte de 260 pessoas, em sua maioria civis.
De acordo com as acusações, divulgadas pela Agência Efe, o
governo bombardeou “casas habitadas de maneira intensa e
indiscriminada”. Além disso, o grupo de oposição afirmou que forças
leais à Assad impediram a chegada de ambulâncias no local.
No entanto, a agência oficial síria, Sana, afirmou que as
acusações da oposição são falsas e visavam apenas a influenciar a
decisão do Conselho de Segurança da ONU a respeito de uma resolução
contra o país.
Por conta da repressão e restrição imposta pelo governo de Assad, a
imprensa internacional está impedida de confirmar os ataques e o
consequente número de mortos. Os manifestantes exigem a saída de Assad
do poder, mas o governo diz que está lidando com terroristas.
Em seu último balanço, a ONU afirmou que pelo menos 5 mil pessoas
morreram desde o início dos conflitos, em março do ano passado. A
Organização, entretanto, disse que já não podia mais contabilizar os
mortos por conta da dificuldade em apurar as informações no país.
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