Brasília, 3 mar (EFE) - O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, anunciou neste sábado que o Governo de Dilma Rousseff não aceita mais como interlocutor o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, depois de ele afirmar que o país precisa "de um pontapé no traseiro" para acelerar as obras necessárias para a Copa do Mundo de 2014.
"São expressões impróprias para tratar das relações entre essa entidade e um país" e "dadas as palavras usadas", que classificou como "ofensivas" e "inaceitáveis", o Brasil comunicará a Fifa que não aceita Valcke como "interlocutor", declarou Rebelo em entrevista coletiva.
Na sexta-feira em Londres, Valcke criticou a demora das obras de estádios e infraestrutura e do Congresso Nacional em aprovar a lei que regulará o próximo mundial.
Na afirmação mais polêmica, considerou que os responsáveis pela organização da Copa do Mundo no Brasil deveriam receber "um pontapé no traseiro" para "começar a trabalhar".
Rebelo condenou que as declarações tenham sido feitas depois que "a própria Fifa, em janeiro", divulgasse um relatório no qual "referiu o entusiasmo do Governo", assim como "reconheceu a excelência dos projetos para os estádios".
O ministro sustentou que, "em conflito com as observações da própria Fifa, o secretário-geral fez uma avaliação que não corresponde aos fatos nem a realidade" e que "dificulta" o "ambiente de cooperação existente" entre o Governo e a entidade.
Valcke tinha previsto visitar o Brasil para verificar o estado das obras ainda em março, mas Rebelo disse que pedirá ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, que nomeie outra pessoa, pois o secretário-geral "já não é reconhecido como interlocutor".
Rebelo ofereceu alguns detalhes sobre o andamento das obras nos estádios das cidades de Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, as subsedes do evento.
Ele garantiu que em mais da metade dos casos as obras estão 50% concluídas e serão entregues no prazo previsto, reconheceu, porém, atrasos significativos somente em Natal, no Rio Grande do Norte, onde o percentual da obra do estádio está em 17%.
Garantiu, no entanto, que a situação será superada e ressaltou que "em todos os países" que organizaram mundiais ou eventos similares, entre os quais citou a Eurocopa, ocorreram episódios similares.
Sobre a demora no Congresso Nacional, que ainda não aprovou a Lei Geral da Copa e que segundo Valcke teria de ter sido sancionada em 2007, Rebelo reiterou que o Governo está "empenhado" em concluir o trâmite.
O ministro garantiu que "os compromissos assumidos serão honrados" e apontou que, a partir de seu ponto de vista, a lei será aprovada "dentro do prazo razoável".
Apesar do mal-estar gerado pelas declarações de Valcke, Rebelo declarou que o Brasil "seguirá mantendo uma relação harmoniosa e respeitosa" com a Fifa, cujos representantes "sempre foram recebidos no país de forma "cordial, respeitosa e cuidadosa".
Rebelo indicou que o Brasil "está organizando a Copa do Mundo porque foi escolhido para isso. Não foi sorteado ou exigiu, mas cumpriu todos os requisitos exigidos pela Fifa".
Entre os quais citou que o país "é o único presente em todos os mundiais, venceu cinco edições, contribuiu à universalização do futebol e ofereceu ao mundo o maior número de jogadores e artistas deste esporte".
Fonte: EFE
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