A revelação de documentos secretos do Vaticano reavivou o escândalo do “VatiLeaks”, como foi batizado o inédito vazamento de informações sigilosas que desde janeiro causa alvoroço na Santa Sé. O jornal italiano Il Fatto Quotidiano voltou a publicar cartas assinadas por cardeais, a desnudar uma insidiosa disputa pelo controle do Instituto Giuseppe Toniolo. [Bertone. O secretário de Estado do Vaticano está no epicentro das intrigas. Foto: Andreas Solaro / AFP]
A instituição controla a Universidade Católica do Sagrado Coração, maior rede privada de ensino da Europa, e a famosa Policlínica Gemelli, onde o papa João Paulo II esteve internado diversas vezes.
A crise começou quando uma tevê divulgou, no início do ano, cartas do arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-vice-governador da cidade do Vaticano e atual núncio apostólico nos EUA. Destinadas ao secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, e ao próprio papa Bento XVI, as cartas revelam que Viganò foi afastado após denunciar uma suposta rede de corrupção na Igreja.
Outros vazamentos dizem respeito ao Banco do Vaticano, que prometeu dar transparência às suas ações para se adequar às regras da União Europeia, mas estaria, na prática, apagando os rastros de seu passado de escândalos, como o que resultou na quebra do Banco Ambrosiano há 30 anos.
O incômodo é tamanho que o jornal oficial do Vaticano, num texto sobre o 30º aniversário da chegada a Roma do cardeal Joseph Ratzinger, atual papa Bento XVI, denunciou o “comportamento irresponsável e indigno” contra o pontífice, que “não será parado por lobos”. Só não ficou claro se o editorial do L’Osservatore Romano se referia aos autores do vazamento ou aos cardeais que travam a intestina disputa de poder no Vaticano.
No Folha 13
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