quarta-feira, 14 de março de 2012

Marcio Balera e sua resposta (informal) para meu requerimento de retirada do crucifixo da Câmara Municipal de Antonina

Por Paulo R. Cequinel

Em 07 de março publiquei meu requerimento à Câmara Municipal de Antonina, que pedia a retirada do crucifixo e o fim da leitura de versículo da bíblia no início de cada sessão. 

A Casa é presidida por Márcio Balera, meu amigo pessoal - e intransferível - que, na sessão de ontem, formalmente deu-me ciência das razões que fundamentaram sua decisão de indeferir minha pretensão. 

Publico agora o inteiro teor da sua resposta informal, para a qual requeiro, nos termos do Regimento Interno d'Ornitorrinco, atenção e respeito.    

"Meu bravo (no sentido de bravura viu!) amigo Cequinel, eis-me aqui em seu blog, depois de uma longa caminhada entre as postagens, para responder ao seu requerimento, agora informalmente, pois a resposta formal já lhe foi encaminhada durante a sessão de hoje (13/03). 

Teu requerimento é legítimo e o assunto vem tomando a cada dia que passa mais repercussão e as decisões são dadas de várias maneiras. Porque eu indeferi o seu pedido. Porque realmente não entendo que a fixação do crucifixo ou a leitura da Bíblia indique recriminação ao Estado laico. 

Em minha modesta opinião o sentido do Estado laico está em uma neutralidade deste perante as crenças. A presença de símbolos, desta ou daquela religião não afeta o Estado laico. Aliás essa denominação é tão estranha para a prática de nosso país, porque a própria Constituição, em diversas citações que lhe apresentei na resposta formal, deturpa o sentido da laicidade. Nossa melhor denominação deveria ser um Estado plurirreligioso, melhor enquadrado com os princípios democráticos de nossa Constituição cidadã. 

Um dos exemplos mais bizarros que vejo é como pode num Estado laico o casamento religioso ter efeitos civis? Mas está lá, consagrado constitucionalmente no § 2.º do art. 226 que trata, pasmem, da ordem social!!!!! 

Mas vivemos em um país de contradições. 

Fugindo um pouco ao tema, posso lhe dizer que tenho minha crença, assim como você tem a sua, porque ser ateu é crer em uma não existência de Deus, antes de ser uma simples não crença. Fui criado dentro da Igreja Católica, mas não sou retilíneo aos princípios por ela consagrados, pelo contrário. Muitos são os erros e muitos também são os que não concordam com as posições trazidas pela Igreja Católica. 

Quando leio seus posicionamentos concordo em com suas críticas quando se referem aos dogmas que as religiões passam, mas discordo quando você contesta a fé que uma pessoa possa ter. Digo isso porque entendo que as coisas se distinguem. 

Eu creio em algo superior e professo isso porque em minha existência passei por uma situação que me fez crer nisso. Você não tem esses motivos, por isso cultua o ateísmo. 

Democraticamente posso entender seu posicionamento quanto as teorias aplicadas pelas diversas religiões e os (pre) conceitos oriundos dessas, mas não posso concordar em ser chamado de um “cagão em cristo”. Nem todos que professam uma fé acatam dogmas. Por isso suas citações às vezes me parecem preconceituosas nesse sentido, tanto quanto as que você com toda a razão abomina, por exemplo, em relação aos homossexuais. 

Mas enfim, fugi um pouco do foco, mas achei importante te dizer isso. Assim como quero afirmar que minha crença em nenhum momento influenciou a resposta de seu requerimento, pois separo muito bem as coisas. De mais a mais, estou sempre a disposição e não poderia ser diferente, de responder a quem age dentro da legalidade como é e sempre foi o seu caso."

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