Demóstenes atuou com Gilmar por ação no STF
Foto: Sérgio Lima/Folhapress-Divulgação
"Conseguimos puxar para o Supremo uma ação da Celg aí, viu? O Gilmar mandou buscar”, diz o senador ao bicheiro Carlinhos Cachoeira em mais um diálogo gravado durante a Operação Monte Carlo; a conversa diz respeito a ação bilionária envolvendo a Companhia Energética de Goiás
O caso Carlinhos Cachoeira chegou ao Supremo Tribunal Federal, e, desta vez, não foi por meio de pedido de abertura de inquérito encaminhado pela Procuradoria-Geral da República. Reportagem de O Estado de S.Paulo revela conversa entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro, gravada pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, em que o parlamentar afirma a Cachoeira ter trabalhado junto com o ministro Gilmar Mendes para levar ao STF uma ação bilionária que diz respeito à Companhia Energética de Goiás (Celg).
No diálogo de quase quatro minutos, gravado no dia 16 de agosto do ano passado, Demóstenes demonstra intimidade com o ministro. "Conseguimos puxar para o Supremo uma ação da Celg aí, viu? O Gilmar mandou buscar. Deu repercussão geral pro trem aí", diz o senador, em referência a um instrumento processual que permite aos ministros escolher os recursos que vão julgar de acordo com a relevância jurídica, política, econômica ou social.
Confirma a matéria de Fernando Gallo, de O Estado de S.Paulo:
Em uma conversa entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, gravada pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, o parlamentar afirma a Cachoeira ter trabalhado junto com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes para levar à máxima corte do país uma ação bilionária envolvendo a Companhia Energética de Goiás (Celg).
No diálogo, que durou pouco menos de quatro minutos e ocorreu no dia 16 de agosto de 2011, Demóstenes demonstra intimidade com o ministro ao tratá-lo apenas como "Gilmar".
"Conseguimos puxar para o Supremo uma ação da Celg aí, viu? O Gilmar mandou buscar. Deu repercussão geral pro trem aí", contou o senador, referindo-se a um instrumento processual que permite aos ministros escolherem os recursos que vão julgar de acordo com a relevância jurídica, política, econômica ou social.
Considerada por muitos políticos goianos a "caixa preta" do governo do Estado, a Celg estava imersa em dívidas que somavam cerca de R$ 6 bilhões. Demóstenes disse a Cachoeira que Gilmar Mendes conseguiria abater cerca de metade do valor com uma decisão judicial.
"Dependendo da decisão dele, pode ser que essa Celg... essa Celg se salva (sic), viu?", disse. "Eu acho que esse trem pode dar certo, viu? Ele que consegue tirar uns dois... três bilhões das costas da Celg. Aí dá uma levantada, viu?"
Ao que Cachoeira responde: "Nossa senhora! Bom pra caceta, hein?"
Demóstenes e Gilmar Mendes foram motivo de polêmica quando, em 2008, a revista Veja publicou uma reportagem com uma suposta conversa entre ambos que teria sido grampeada ilegalmente. Os dois confirmaram a existência da conversa, mas a revista nunca publicou o áudio do diálogo.
A Celg foi motivo de um embate no Estado de Goiás quando, no fim de 2010, o então governador eleito Marconi Perillo (PSDB) anunciou, durante o período de transição, que não cumpriria um acordo costurado entre a gestão Alcides Rodrigues (PP) e o governo federal, que previa empréstimos da Caixa Econômica Federal (CEF) ao Estado de Goiás para tirar a companhia energética do atoleiro.
A justificativa da equipe marconista era que o acordo continha cláusulas prejudiciais ao Estado. O governo Alcides viu motivação política na decisão da equipe de transição. Um ano depois, no fim de 2011, Marconi fechou um acordo com o governo federal para transferir à União o controle acionário da Celg, que foi federalizada.
O 'Estado' não conseguiu encontrar o senador e o ministro do STF para comentarem a gravação.
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