do Movimento Verdade e Justiça
Está acontecendo agora (sábado, dia 7) na Vila Madalena, São Paulo
(SP) um escracho contra Harry Shibata, médico-legista da Ditadura
Militar. Os manifestantes se encontraram às 14h na esquina das ruas
Inácio Pereira da Rocha e Fradique Coutinho e caminham em direção à casa
de Shibata, na rua Zapara, 81.
Durante a noite, um grupo espalhou mais de 800 cartazes em postes,
lixeiras, pontos de ônibus e muros da Vila Madalena, Pinheiros e Alto de
Pinheiros, denunciando a atuação de Shibata durante o regime.
Segundo os manifestantes e documentos oficiais, Shibata, assinou
inúmeros laudos necroscópicos atestando falsamente a causa da morte de
vítimas da ditadura militar. Os cartazes denunciam alguns desses casos e
expõe o endereço do legista.
Nos laudos falsificados, Shibata escondia a verdadeira causa do
assassinato das vítimas, sob tortura, alegando que tinham sido mortas em
tiroteios, atropelamentos ou cometido suicídio. Entre os laudos
forjados por ele com a versão de suicídio por enforcamento está o do
jornalista Vladimir Herzog.
O médico assinou ainda o laudo de Sonia Maria de Moraes Angel Jones,
que depois de torturada, teve seus seios arrancados e foi estuprada com
um cassetete. A versão do legista foi de morte em tiroteio. Shibata, que
foi diretor do Instituto Médico Legal entre 1976 e 1983, e teve seu
registro profissional cassado pelo Conselho Federal de Medicina,
instruía os torturadores dos órgãos de repressão da ditadura a não
deixar marcas de suas ações nos corpos de torturados. Segundo os
manifestantes, hoje tal prática continua sendo utilizada pela polícia,
que ensina a não deixar marcas da tortura para o exame de corpo de
delito.
Atualmente, Shibata está sendo processado pelo Ministério Público
Federal juntamente com outras quatro autoridades da época pelo crime de
ocultação de cadáver. O MPF pede que os cinco sejam condenados à perda
de suas funções públicas e/ou aposentadoria.
O objetivo dos manifestantes é resgatar a memória dos que lutaram,
morreram e desapareceram durante a resistência ao regime; pressionar por
uma Comissão da Verdade efetiva; e exigir a punição dos agentes do
Estado que praticaram crimes de lesa-humanidade no período, como tortura
e ocultação de cadáver.
Estado que praticaram crimes de lesa-humanidade no período, como tortura e ocultação de cadáver.
Fotos: Leonardo Sakamoto
No Vi o mundo
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