São Paulo – A coordenadora geral do Projeto Criança e Consumo do
Instituto Alana, entidade que analisa o consumismo infantil, Isabela
Henriques, disse na sexta-feira (27) que qualquer tipo de mensagem
publicitária direcionada a crianças deveria ser proibida. A especialista
participou do seminário “Regulação Sanitária e Desenvolvimento
Econômico e Social”, promovido pela Revista Carta Capital, em São Paulo.
“Defendemos que a população de menos de 12 anos não receba nenhum
tipo de comunicação de mercado, nenhum tipo de publicidade, de
merchandising, de marketing que fale com ela, que tente incentivá-la a
consumir produtos e serviços”, apontou
Segundo a coordenadora do Alana, até a faixa de 12 anos as crianças
não têm condições de analisar criticamente as mensagens que recebem. “A
criança é muito vulnerável, é muito suscetível a esses apelos
publicitários. Elas também são 'muito literais' e recebem as mensagens
como dados da realidade, porque não têm os filtros que os adultos
possuem.”
O ideal é que a publicidade de produtos e serviços voltados para esta
faixa de público seja direcionada aos seus cuidadores. “Que pais e
responsáveis façam a mediação dessa criança com o universo comercial”,
disse. “Porque o pai pode fazer análise crítica dessa mensagem e definir
dentro do poder familiar que ele tem, inclusive legalmente, se é
adequada ou não.”
Isabela aponta que o problema é justamente a falta da presença de um
adulto para mediar a comunicação entre o mercado e os pequenos “A
mensagem publicitária fala diretamente com a criança e passa por cima do
poder familiar”, explicou.
Isabela ressaltou que a responsabilidade de regular o que pode ser
direcionado ou não ao público infantil é do Estado. A autorregulação das
empresas – normas definidas pelo próprio setor – não é suficiente.
Além de cobrar ações efetivas do governo federal para diminuir o
impacto da publicidade sobre as crianças, ela lembrou a importância das
brincadeiras e atividades recreativas, melhoria geral da qualidade dos
alimentos e a necessidade de campanhas educativas voltadas a pais e
educadores. “Faltam ações concretas na ponta, no dia a dia, com as
crianças”, apontou.
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