Mário Augusto Jakobskind
A revista Veja, pouco confiável por ser useira e vezeira em
editar matérias que não se sustentam, desta vez fez alarde com uma
acusaçao do Ministro Gilmar Mendes, segundo a qual o ex-Presidente Luis
Inácio Lula da Silva teria lhe proposto o adiamento do julgamento do
chamado mensalão.
O encontro entre Mendes e Lula, no escritório de Nelson Jobim,
ocorreu há um mês e só agora o ministro revelou o suposto pedido. O
adiamento proposto por Lula, ainda segundo a revista Veja, se daria em
troca do silêncio da Comissão Parlamentar de Inquérito mista sobre
Cachoeira em relação ao próprio ministro, que se encontrou com o
senador Demóstenes Torres em Berlim.
Há denúncias de que Cachoeira de lama pagou as passagens e estadas
tanto de Mendes como do senador que ditava regra sobre moralidade e por
debaixo do pano fazia o jogo sujo de Carlos Cachoeira de lama. Mendes
garante que ele mesmo custeou a viagem e volta e meia vai a Berlim
visitar a filha, que lá reside.
Se o Ministro puder provar que pagou a passagem daquela vez (ninguém
pediu), afinal a denúncia é grave, encerraria de uma vez por todas com a
dúvida. Por enquanto vale apenas a palavra de Mendes, considerada
bastante questionável.
A notícia divulgada pela Veja, como sempre acontece, foi repercutida
na Folha de S. Paulo, em O Globo e no Jornal Nacional. Lula negou que
tenha feito a proposta.
A matéria da revista Veja com a denúncia de Mendes deve ser encarada
com reserva e se for melhor analisada não se sustenta. Por que Lula
faria o pedido quando a mídia de um modo geral está em cima dos
minstros do STF exatamente para apresssar o julgamento do mensalão? Com a
experiência que tem como ex-Presidente por que ele se exporia dessa
forma tão grosseira?
Jobim também desmentiu a matéria da revista Veja, uma publicação sob
suspeita de prática de baixo jornalismo. O esquema é conhecido. Os
repórteres saem em campo já com a pauta determinada e dirigida para
chegar a uma conclusão. Seja o que for falado por alguém alvo dos
Civitas, a matéria conclusiva está pronta antes mesmo de ser elaborada.
Os inimigos não serão poupados.
Desta vez, Gilmar Mendes se superou. Ele já esteve envolvido em
outras matérias no mínimo discutíveis, uma delas a de ter concedido
habeas corpus a Daniel Dantas e na tentativa de desmoralizar o então
delegado Protógenes Queiroz, que conduzia o inquérito contra o referido
banqueiro acima de qualquer suspeita.
Se Lula tivesse mesmo feito o pedido seria uma demonstraçao de
incompetência política, algo que até seus inimigos admitem que não
corresponde aos fatos. Seria até um expediente prejudicial aos próprios
implicados no mensalão que está para ser julgado nas próximas semanas.
Vários Ministros do STF, entre eles Ricardo Lewandovsky, já disseram
que nunca foram pressionados por Lula quando ele exercia a Presidência
da República.
Seria absolutamente descabido e pouco inteligente, o que não é uma
característica de Lula, reconhecido até pelos inimigos como um político
hábil e inteligente, que agora sem mandato pressionasse Gilmar Mendes. E
uma pressão, diga-se de passagem, prejudicial aos próprios petistas,
entre os quais José Dirceu e Jose Genoino, que serão julgados antes das
eleições.
Não se exclui a possiblidade de que este novo apronto da sujísima
Veja com Mendes tenha se destinado a retirar dos holofotes algumas
questões vinculadas à Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso
sobre as ligações de Cachoeira de lama com o mundo político e mesmo
midiático.
A Veja foi pautada pelo melitante Cachoeira e nestes dias ganhou uma
defensora de peso, a Senador Katia Abreu, agora no PSD de Gilberto
Kassab, que escreveu artigo tomando as dores da revista que lhe dá
grande acolhida. Usou os mesmos argumentos que outros defensores da
publicação, como o imortal Merval Pereira, ou seja, que a convocação de
Policarpo Júnior seria um atentado à liberdade de imprensa.
Quanto ao Prefeito Kassab, a revista Isto É e o
Ministério Público o acusaram de estar também envolvido em falcatruas,
juntamente com um funcionário que recebeu de propina 106 apartamentos ao
liberar obras irregulares na capital paulista. Nenhuma linha em o Globo
ou na TV do mesmo nome.
A Veja pratica um jornalismo que lhe vale a denominação de sujíssima.
Para se ter uma ideia, recentemente um repórter da revista tentou
invadir o quarto de um hotel em Brasília onde estava hospedado o
ex-Ministro José Dirceu para possivelmente espionar alguma material que o
incriminasse ou mesmo instalando algum microfone oculto. A camareira
impediu que a transgressão acontecesse. Corre até uma investigaçao
policial sobre o fato e o público não vem sendo informado a respeito.
Não se trata de defender José Dirceu, um dos responsáveis pela atual
praxis fisiológica do PT em nome da governabilidade, mas de se repudiar
uma prática que depõe verdadeiramente contra o jornalismo. E a corrida a
qualquer custo para incriminar o ex-Ministro Chefe da Casa Civil é
sintomática.
Policarpo Júnior, chefe da sucursal da Veja em Brasília, tem culpa no
cartório no mencionado episódio. Além disso, foi pautado por Cachoeira
de lama, como demonstra cristalinamente vídeo apresentado pela TV
Record, no ar também no youtube. O jornalista está sendo blindado para
não comparecer na CMPI.
Assim caminha a mídia de mercado. O mais recente apronto da Veja e
Gilmar Mendes está realmente inserido no contexto enlameado do baixo
jornalismo. E toda vez que se contesta a revista da família Civita, que
para muitos forma uma gang, convoca entidades e colunistas para
protestar conta o que eles alegam ser perseguição à liberdade de
imprensa.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) já deve estar de
prontidão para qualquer emergência que porventura venha a envolver a
sujíssima Veja na CMPI.
Em tempo: depois de na semana passada cancelar a reunião, o
Ministro da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, voltou a convocar familares
de desaparecidos políticos citados no livro Memórias de uma guerra suja
sobre o depoimento do ex-delegado Claudio Guerra revelando, entre
outras coisas, a incineração de dez combatentes contra a ditadura em um
forno de uma usina de açucar em Campos.
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