Brasília - O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot disse hoje (8)
que “está à disposição” da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) do Cachoeira para prestar depoimento. Existem pelo menos nove
requerimentos para a sua convocação que ainda não foram apreciados pelo
plenário da CPMI. Alguns deputados e senadores querem que esses
requerimentos sejam pautados na próxima reunião administrativa da
comissão, marcada para quinta-feira (14).
“Estou no interior, mas ao inteiro dispor da CPMI para prestar depoimento”, disse Pagot, em entrevista, por telefone, à Agência Brasil.
Ele evitou falar sobre quem tem interesse em impedir seu depoimento.
“Não quero falar sobre isso. Só quero mesmo dizer que estou inteiramente
à disposição da CPMI para prestar esclarecimentos.”
Na opinião do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Pagot tem muito a
contribuir com a comissão. “Ele teria que falar de imediato, pode dar
detalhes sobre as relações que existem nos bastidores entre as
empreiteiras e os governos estaduais”, destacou o senador. “Estamos
perdendo tanto tempo com quem não quer falar. Por que não ouvir quem
quer?”, questionou.
O depoimento de Pagot passou a ser considerado urgente por alguns
integrantes da comissão, após ele ter denunciado o uso de verbas
públicas para formação de caixa 2 de campanhas eleitorais em São Paulo. A
denúncia foi feita em entrevista à revista IstoÉ, na qual ele
se referiu a um suposto esquema de desvio de verba na obra do Rodoanel
para as campanhas de José Serra à Presidência e de Geraldo Alckmin ao
governo paulista em 2010. Pagot também disse, em entrevista à revista Época,
que contrariou interesses do empresário Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, que está preso em Brasília, e da Construtora Delta
quando estava à frente do Dnit.
Pagot foi afastado do cargo de diretor-geral do Dnit após uma série
de denúncias de corrupção no órgão, que derrubaram ainda o então
ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) e abriram uma crise
política entre o PR e a presidenta Dilma Rousseff. Alfredo Nascimento
reassumiu o cargo de senador após deixar a Esplanada dos Ministérios.
O senador Randolfe Rodrigues criticou a posição do relator Odair
Cunha (PT-MG) de não pautar os requerimentos de convocação. “Tudo que
tem interface com a Delta tem sido sobrestado. Esses pedidos de
convocação fazem parte de um conjunto de outros requerimentos que não
são colocados para serem apreciados. Não tenho como avaliar de outra
forma a não ser a intenção de blindagem da Delta”, disse o senador.
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), também é a favor da ida
de Pagot à CPMI. Ele destacou que, no primeiro dia de trabalho da
comissão, apresentou um requerimento de preferência de votação e cobrou
do presidente, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a apreciação do texto.
Segundo ele, o presidente se comprometeu a colocar o pedido em análise
na próxima reunião. “Não pedi só a vinda do Pagot como testemunha, mas
também a do ex-presidente da Delta Fernando Cavendish”, acrescentou
Álvaro Dias.
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse que na próxima
segunda-feira (11) a bancada do PT na Câmara se reunirá para deliberar
sobre esse assunto e outros relacionados à CPMI. “Se o relator for a
favor, eu também serei”, disse Vaccarezza. “A princípio eu acho que não
deveríamos chamá-lo, porque fugiria do foco da CPMI. Mas, se ele quer
comparecer para esclarecer alguma coisa, tem todo direito”, completou.
A Agência Brasil tentou falar, por telefone, com o
relator da CPMI, deputado Odair Cunha, e com o presidente Vital do Rêgo,
no entanto, ainda não obteve retorno.
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