Lula participou do evento e classificou o tucano de candidato "desgastado". Para Haddad, "São Paulo cansou de prefeitos de meio expediente"
O PT lançou a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo com um megaevento neste sábado em São Paulo. Embora não tenha sido citado nominalmente, o ex-governador José Serra (PSDB) foi alvo de ataques de Haddad e seu padrinho político, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou o tucano de candidato “desgastado”. A declaração faz parte da estratégia de vender Haddad como o “novo” em contraposição ao veterano Serra.
“Tem um candidato que já está desgastado. Nem sei porque ele quer ser candidato. Utilizou a cidade apenas como trampolim para ser governador. Achou que o governo era pouco, não completou o mandato e tomou uma tunda da companheira Dilma. E está desesperado porque o governador é o maior adversário dele aqui em São Paulo”, disse Lula.
O ex-presidente fez um histórico das vitórias e derrotas do PT na
cidade para concluir que o partido não consegue ultrapassar o teto de
35% do eleitorado paulistano. Por isso, segundo Lula, o PT só terá
chance de vitória com um nome novo, que consiga dialogar com outros
setores.
“O objetivo é falar com os 15% ou 20% que não querem falar com o PT.
Na minha opinião não são eleitores de esquerda. Não sei se são de
direita. Então você tem a tarefa, Haddad, de juntar os diferentes”,
afirmou Lula.
Além do ex-presidente, diversas lideranças petistas como o
ex-ministro José Dirceu e quatro ministros (que supriram a ausência de
Dilma) participaram do evento.
Sob o comando do publicitário João Santana, foram montados dois
telões com mais de 50 metros em cada lado do palanque. Atrás da mesa de
autoridades, um display luminoso mostrava a logomarca da campanha, a
letra “H” com uma estrela vermelha.
Várias fotos e mensagens traziam símbolos de modernidade como a “#”
usada no microblog Twitter. Com um tom emocional, o evento começou com o
depoimento de Janaína Cristina, uma jovem ex-sem-teto bolsista do
Pro-Uni prestes a se formar em pedagogia “graças ao Lula e ao Haddad”. O
jingle, em ritmo de rap, tem como refrão: “Haddad, um nome novo para
esta cidade”.
Uma equipe de fotógrafos contratados por R$ 1 mil a jornada de três
horas (cinco vezes a média do mercado) fotografava os participantes e
mostrava as fotos nos telões em tempo real.
Além do auditório principal, outros três salões foram ocupados pelos
militantes que não conseguiram entrar mas acompanharam o evento por
telões.
A ausência da ex-prefeita Marta Suplicy, no entanto, quase estragou a festa. Ela disse ao PT que iria mas não apareceu nem deu explicações.
O discurso de Haddad, repleto de frases de efeito “São Paulo quer ser
a cidade que não pode parar e não a cidade que não pode se locomover”,
foi pautado em três eixos: vinculação com Lula e Dilma, críticas à
gestão Kassab e críticas indiretas a Serra.
Lula foi citado nove vezes. Dilma, seis. “Nós, paulistanos, sentimos
dentro de casa os efeitos de uma forma humana e competente de governar,
impulsionada pelas políticas de Lula e Dilma. E sentimos na rua, no
corpo de nossa cidade, os efeitos de uma forma incompetente e insensível
de gerir os problemas urbanos”, discursou.
A gestão Serra/Kassab, foi tratada com palavras fortes. “Ao invés de tratar a cidade como morada, tratou-a como depósito, e apinhou ali os trastes de sua mediocridade”, disse Haddad. “A imagem é forte mas não me ocorre outra”, admitiu antes de continuar com os ataques. “Temos uma prefeitura que despreza os pobres, ignora a classe média e engana os ricos. É o triste democratismo do infortúnio”.
O candidato conseguiu levantar a plateia quanto explorou o fato de Serra
ter abandonado a prefeitura com pouco mais de um ano de mandato.
“São Paulo cansou de prefeitos de meio expediente e de prefeitos de
meio mandato. Ao contrário de alguns, eu vibro de felicidade só em
pensar na possibilidade de ser prefeito da minha querida São Paulo. Não
sou alpinista político nem profissional de eleições. Jamais usarei a
prefeitura como trampolim ou degrau de interesses pessoais”.
O PT não informou o custo do evento. Questionado, o presidente municipal do partido, Antonio Donato, disse não saber o valor.
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