Antes de um relato espantoso que farei, quero esclarecer meu ponto de
vista sobre a possível – mas, ainda, não confirmada – aliança entre o
candidato pelo PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o
ex-prefeito e ex-governador da capital paulista Paulo Maluf.
Na verdade, este texto deveria ter sido publicado na sexta-feira, mas
decidi adiar porque recebi ligação de fonte que tenho em um grande
jornal paulista e que discorda da atuação da imprensa local e que,
assim, frequentemente me dá informações em primeira mão.
Foi-me relatado que Maluf estava para romper a aliança que mantém com
o governo Geraldo Alckmin e com o pré-candidato do PSDB a prefeito da
capital paulista, José Serra, de forma a se aliar a Haddad.
Muitos não entenderam, portanto, em razão do que, na sexta-feira,
este blog amanheceu com uma postagem sobre a atuação de Maluf durante a
ditadura. Isso, porém, ficará claro mais adiante.
Desde o ano passado que Maluf é aliado do PSDB paulista. Isso se deu
por ter ganhado do governador Geraldo Alckmin o direito de indicar um
afilhado para dirigir a Companhia Estadual de Habitação de São Paulo
(CDHU).
Por conta dos favores de Alckmin a Maluf ele estava fechado com Serra
para levar o PP paulistano, um feudo malufista, a ceder ao tucano seu
tempo de TV na próxima campanha eleitoral.
O PT, porém, passou a assediar o PP da capital paulista para que
apóie Haddad valendo-se do argumento de que o partido de Maluf já mantém
coligação com o governo Dilma Rousseff e que, portanto, seria lógico
manter essa aliança em nível municipal.
Em minha opinião, não é a mesma coisa. Maluf, hoje, tem muito menos
influência no PP nacional, que tem lideranças mais respeitadas, como,
por exemplo, Francisco Dornelles (RJ), que não segue a liderança
malufista.
Fazer aliança com o PP paulistano, portanto, é fazer aliança direta
com Maluf. Por 1m43s de TV, parece-me pouco. É um constrangimento enorme
para candidata a vice na chapa de Haddad, a ex-prefeita Luiza Erundina,
e para o próprio PT.
Por conta disso – e como as tratativas ainda não estavam
sacramentadas –, publiquei neste blog, na última sexta e de forma
açodada, notícia que pretendia publicar mais adiante e de forma mais
aprofundada no âmbito de postagens que ainda farei sobre a Comissão da
Verdade.
Com o post sobre o apoio de Paulo Salim Maluf à ditadura militar,
quis lembrar ao PT paulista quem é esse indivíduo, ainda que, por óbvio,
seja desnecessário.
Julgo que a aliança com esse senhor é imprópria. Como eleitor e apoiador do PT, sinto-me constrangido.
Julgo que Haddad é, de longe, o melhor candidato para São Paulo e que o apoio de Maluf conspurca sua candidatura.
Julgo que o eleitorado malufista odeia mais o PT do que aprecia Maluf.
Julgo que a aliança com Erundina levará Haddad longe e que, esse sim, é um apoio vital.
Julgo, por fim, que Haddad não precisa de Maluf ou do desgaste que tê-lo em sua aliança irá gerar.
Essa é a minha sincera opinião. Contudo, não farei disso um escarcéu. Todavia, o aviso está dado.
Apesar do extenso preâmbulo que você acaba de ler, o que tenho a
relatar, prioritariamente, é outro fato que me foi confidenciado por
aquela fonte que trabalha em um grande jornal paulista e que, vira e
mexe, municia-me com informações de bastidores sobre a imprensa de meu
Estado.
É revoltante e uma prova do partidarismo doentio da imprensa paulista
o escarcéu que esta está fazendo diante da possibilidade de Maluf
realmente vir a apoiar Haddad. E é ilógico. Até Maluf acenar com tal
apoio, a imprensa local nem lembrava que ele existia.
O acordo do governo federal com Maluf – e não com o PP – para que
este destine tempo de tevê em São Paulo a Haddad não difere do acordo
entre tucanos e pepistas na capital paulista. Por que o que não é
notícia quando o acordo é com tucanos vira notícia quando o acordo é com
o PT?
Isso se deve a que Serra, irritado com o que chama de “ganância” de
Maluf, que estaria aumentando o preço da fatura para os tucanos, passou a
disparar telefonemas para os “aquários” (chefias de redação) da
imprensa paulista exigindo “denúncia” do mesmo Maluf e de Haddad.
A imprensa – Folha de São Paulo à frente, pois Serra ligou para
‘Otavinho” – está “denunciando” que o PT está fazendo com o PP o mesmo
acordo que este fizera com o PSDB. De forma “inexplicável”, de repente a
imprensa tucana descobriu que Maluf é Maluf.
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